Colei da FFP-UERJ

Nas minhas veias

 

 

Nas minhas veias corre Ancestralidade.

Nelas estão escritas as lutas e os dissabores

de sermos mulheres sequestradas de seus verdadeiros lares.

 

Eu sou filha de Luísa, de Dandara e de Tereza.

Ah! Se carrego nas minhas veias a história dessas mulheres guerreiras.

Cuidado!

Porque eu hei de cobrar com a mesma garra

as dores e injustiças feitas com minhas mães e irmãs.

 

Sou filha de Zilda, trazida em um navio e sendo forçada a casar com um alemão no projeto sujo de embranquecer a América Latina.

E filha de Maria que não é Maria,

carrega em sua história nome indígena que pra fugir de um massacre com suas 10 filhas…

Teve que se render aqueles que tiraram dela o seu lar e dar-lhes nome europeu…

Ser batizada por um Deus que ela nem conhecia.

 

Ah! Se eu carrego nas minhas veias a genética e a história dessas mulheres

que colocaram no mundo filhos dessa covardia.

Eu hei de honrá-las contando para todos como elas souberam vencer.

O legado delas está comigo e é meu dever ecoar seus nomes ao mundo.

 

Por falar em histórias para ecoar.

Nas minhas veias carrego a escrita de Firmina, Carolina, Geni e Conceição.

E delas encontrei a maneira de cobrar ao mundo

tudo que aconteceu com minhas mães e irmãs.

 

Se seus algozes usaram armas e poder para silenciá-las.

Eu usarei conhecimento e poesia.

A minha arma é a minha voz.

E eu hei de ecoar a voz de todas as vozes de minhas mães e irmãs.

 

Camila Ferreira – É graduanda em Letras – Português/Literaturas na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ) e mãe solo atípica de um lindo menino. Atualmente, é pesquisadora na área de Literatura pela bolsa de Iniciação Científica na CNPQ, colunista do jornal virtual Clementina de Jesus da FFP-UERJ. Além disso, é bolsista Voluntária do COLEI. Ademais, possui interesses na área de Literatura Afro-brasileira, gêneros textuais de Cordel e Quadrinhos, além de estudos discursivos sobre Educação Antirracista e Inclusiva para crianças e jovens.

(A imagem que acompanha a poesia é de Camila Ferreira)

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