Pedido a Papai Noel
Se existir Papai Noel
Escute este meu pedido
Olhe pelos habitantes
Deste meu país sofrido
A carestia nos consome
Os pobres mortos de fome
Cascaviando o lixão
(A fome a lhes afligir)
Para tentar conseguir
Uma migalha de pão.
Por favor, dê uma volta
Neste país devastado
Dê uma olhada na cara
Deste pai desempregado
No rosto, pura aflição
No bolso, nem um tostão
Sem saber o que fazer
Precisando trabalhar
Pra ver se pode arranjar
Qualquer coisa pra comer.
Passe na grande metrópole
Veja a realidade crua
Idoso, jovem, criança
Em situação de rua
Sob a marquise fedida
Sem esperança na vida
Com a barriga vazia
Perambulando sem norte
Sem ter ninguém que o conforte
Mendigando noite e dia.
Dê também uma voltinha
No miolo da favela
Onde seu trenó não entra
Por ser estreita a viela
Sem esgoto, sem escola
Onde a lei é a pistola
E o povo vive assombrado
Abraçado com a morte
Vivendo à mercê da sorte
Sem proteção do Estado.
Passe lá nas palafitas
E veja o triste cenário
Não tem água nas torneiras
Nem esgoto sanitário
As crianças feito um bicho
Brincando em cima do lixo
Sem esperança e sem nome
Sem saúde e sem defesa
É lá que a própria pobreza
Divide o pão com a fome.
A fome bate na porta
Dizendo que quer entrar
A inflação chegou dizendo:
“Agora eu vim pra ficar!”
Veio a criminalidade
Roubando a tranquilidade
E nossos sonhos também
A cosia é feia e tão séria
Que da pobreza e miséria
O país está refém.
Faça um esforço. Apareça!
Venha aqui nos visitar
Não vou lhe pedir brinquedo
Pois já cansei de esperar
Eu sempre fui esquecido
Mas já tenho outro pedido
Que vou querer de presente
E se você existir
Desta vez vou lhe pedir
Um Brasil justo e decente.
João Rodrigues – Reriutaba – Ceará
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