João Rodrigues

11 de setembro de 2001: O dia em que o ódio venceu

Ah, Hollywood! Sempre gostei muito de filmes.

Nos meus tempos juvenis, quando a adrenalina pulsa nas veias e o sonho de ser herói lateja na alma, eu amava os filmes de ação, de guerra, os mocinhos derrotando os vilões, o mal sendo derrotado pelo bem… E ninguém melhor do que os norte-americanos para fazer filmes desse tipo. Ainda lembro de vários nomes de astros dos filmes de ação da época.

Mas o tempo passa, e minha alma foi se pacificando. Aprendi a gostar de outros estilos de filme. Acho que os anos vão nos amaciando, abrandando nosso espírito, e passamos a ver que o mal nem sempre se combate com o mal; que o fogo não se combate com fogo; que o ódio se combate com ódio. Pode até cair bem no cinema, pois no fundo sabemos que todas aquelas cenas de explosões e mortes são feitas por atores e atrizes por trás das câmeras, e que logo ao terminarem as gravações, vão todos celebrar a vitória – não a vitória contra os vilões a quem combateram, mas de um trabalho bem feito.

Ah, as Torres Gêmeas! Como eu as achava bonitas, subindo céu acima, imponentes! Lá do alto, vigiavam a cidade, protetoras. Aos seus pés, o rio Hudson desfilava suavemente e as contemplava, eternas. Eu via nelas uma certa poesia, até. Se eu as tivesse conhecido antes dos filmes, certamente elas seriam, a meu ver, muito mais poéticas e menos concreto.

Mas aí veio o 11 de setembro de 2001…

Eu estava chegando no trabalho, no Centro do Rio, quando fui informado da tragédia. Não quis acreditar. Impossível! Os Estados Unidos atacados em seu próprio solo! Onde estavam os heróis americanos?

Na TV, a cena se repetia. O avião se chocando contra as Torres, que se consumiam pelo fogo, o grito de desespero das vítimas, a fumaça cobrindo o céu… parecia filme. Mas, infelizmente, não era.

Naquele dia, vi o ódio vencer.

Um memorial às vítimas deram lugar às Torres Gêmeas, que continuam vivas nos cartões-postais e em minha memória. Mas confesso que, quando assisto a um filme que tem aquele espaço como cenário, meus olhos buscam as Torres. E ao lembrar que elas não estão mais lá, tenho a sensação de que estou assistindo a um filme pirata.

Hoje, 21 anos depois, aquela cena ainda permanece vívida na lembrança do mundo, assim como na minha. Com isso, tenho a certeza de que a violência não deveria sair das telas para a vida.

Afinal, fora das telas o ódio é muito mais cruel.

 

Créditos da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/preto-e-branco-fonte-sinaliza%c3%a7%c3%a3o-2600678/

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João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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