Michelle Carvalho

Indispensável

 

A cada minuto que você está longe

Sinto o quanto é imprescindível

Sua presença em minha vida!

 

Michelle Carvalho

 

Quem é indispensável para você?

Por quem você daria sua própria vida como nos filmes de super-heróis ou como nas novelas?

Fomos ensinados desde os primórdios que doação é a maior prova de amor, que abdicar-se de si totalmente é amar, que devemos pensar no próximo primeiro para que ele saiba que o amamos.

Crescemos tendo que ser fortes, não demonstrar sofrimentos, não sentir dor, não chorar. Se perdermos alguém, temos que sofrer calados,  sermos fortes pelo outro que está sofrendo, porque o amamos e temos que “segurar a onda” para que ele não piore. Também não podemos nos sentir tristes porque “fulano não iria querer que você ficasse assim”. Onde fica nosso sentimento e nossos desejos diante de tudo isso? Temos que jogar tudo para debaixo do tapete ou engolir em prol de uma “força” que tem que ser demonstrada? As consequências destes tipos de atitudes a longo prazo são desastrosas!

Pensar em si é “egoísmo”, pois logo nos lembramos de quando éramos pequenos e ouvíamos: “Não seja egoísta, você tem que pensar no outro!”, e assim crescemos com o conceito de que se pensarmos primeiro em nós estamos muito errados.

Afinal, está errado pensar em si, nas suas dores, nos seus sentimentos?

Penso que crescemos em uma forma desvirtuada do que é amar porque aprendemos a nos doar, nos permitir pelo outro mesmo quando não suportamos mais o cansaço, quando não desejamos estar em determinado local, não expor nosso sentimento, nos forçamos, nos esgarçamos, dizemos não para nossas vontades, silenciamos nossas dores, adoecemos e muitas vezes morremos por amor… AO OUTRO.

Mas este é o caminho certo?

Se fizermos diferente disso estamos errados? Somos egoístas? Somente olhamos nosso umbigo?

Um dos mais belos mandamentos que aprendemos foi “AME AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO”! Quando nos doamos e esta doação nos prejudica, nos adoece, nos magoa, nos sufoca é amor?

Quando visualizamos este tipo de amor que doamos e que nos prejudica vemos que a conta não fecha!

Como amar ao próximo como a si mesmo? Parece que fomos criados somente para amar ao próximo, afinal, amar a si mesmo seria egoísmo!

Somos criados para sermos o que esperam de nós como se tivéssemos que nos encaixar em blocos e, caso não nos encaixemos, estamos errados e não seremos bem quistos pela sociedade ou até mesmo pela família, que deveria ser nosso porto seguro independente de qualquer circunstância.

Se fossemos amados incondicionalmente desde a primeira infância no chamado “Narcisismo primário” denominado por Freud, teríamos uma base sólida de segurança interna e objetiva, sabendo da nossa importância e do quanto realmente temos que nos amar, pois somos imprescindíveis e insubstituíveis a nós mesmos.

Entretanto, não é bem assim. Essa base nem sempre se forma de maneira sólida e acaba por prejudicar todo o resto do desenvolvimento humano, causando doações excessivas, esgarçamentos emocionais e psicológicos que desvirtuam o mandamento de Jesus cristo por toda a vida.

Como uma casa pode ser construída sem uma concreta e profunda fundação? Sem esta importante parte da obra bem feita a casa sofrerá rachaduras, não suportará o peso do telhado, das paredes e pode até mesmo desmoronar, embora tente sempre manter-se de pé para abrigar os que ali moram! Assim é o coração de quem ama o outro sem se amar.

Se fossemos todos amados incondicionalmente como deveríamos, teríamos o cultivo do amor próprio.

Amor tem que ser cultivado em relacionamentos, regado diariamente assim como o amor por si, afinal, é um relacionamento íntimo consigo mesmo.

Em tantas vezes não amamos nosso corpo, cabelos, rosto, sentimentos, carências, atitudes, mas devemos acolher-nos, tratarmo-nos com carinho, abraçarmo-nos com amor, cultivando-o.

Não aprendemos a amar, crescemos visualizando trocas, escambos emocionais e de favores que dificultam nosso aprendizado.

Para sabermos se é amor de verdade devemos nos questionar se aquele ser continuaria importante para nós, mesmo sendo totalmente inválido para nos trazer benefícios.

A invalidez nos faz saber se é amor gratuito, incondicional, tal qual um bebê recém nascido, nú, indefeso, mas que desperta um amor sem medidas…

Inúmeras vezes pensamos que demonstrar que amamos ao próximo é colocarmos ele acima da nossa própria vida com a seguinte expressão: “Amo mais você do que a mim”, como forma de mostrar a grande importância do outro, eis que gostar de si é egoísmo e enfraquece a demonstração do quanto o outro é importante. Ledo engano!

Saber que amamos o outro como a nós mesmos é saber da grandeza do que é amar, porque sinto por você algo que realmente compreendo o que é e do que se trata dentro de mim.

Depois de refletirmos, retorno a pergunta:

– Quem é indispensável para você?

Michelle Carvalho

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Michelle Carvalho

Biografia: Advogada, Escritora desde os 13 anos, com participação em inúmeras antologias literárias e premiações no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ganhadora do Premio Baixada de Literatura em 2014. Lançou 4 livros: “Furor Letárgico da Alma” (2009), “Versos de Princesa Prometida” (2015 – na 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro) e “Cindy Entre Patas e Reinos” (2018) e Cindy Entre Patas e Reinos 2 (2019 – 19ª Bienal Internacional do do Livro do Rio de Janeiro) , estes dois últimos projetos de leitura na Cidade das Artes/RJ, em várias escolas nacionais e internacionais. Além de diversas participações em projetos culturais literários em escolas com palestras motivacionais, intervenções literárias e poéticas em saraus, sendo o último deles o Programão Carioca da Rede Globo no ano de 2018, Participação na FLIM e FLISGO no ano de 2019, bem como posse na ACLAM – Academia de Ciências, Letras e Artes de Magé.

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