Assistiam à missa de domingo às 17h. O padre realizava a homilia. O líder religioso rezava sozinho: os fiéis compareceram com o corpo, mas deixaram o espírito em casa. O povo aguardava ansiosamente o fim do culto e o retorno para casa. Mas, sendo fim de semana, iam à sorveteria ou ao restaurante após o culto.
As pessoas compareceram, mas sem muito entusiasmo. Ouviam a voz monótona do padre, e suas cabeças pendiam de sonolência. Iam porque era costume, pois pensavam que a simples presença agradaria a Deus.
Havia algumas crianças, jovens, adultos e muitos idosos.
As crianças acompanhavam os pais na igreja, mas sentiam tédio facilmente – visto que funcionam pela ludicidade. No entanto, o padre rezava com seriedade, com suas pregas vocais soando retilíneas.
“Não há nada divertido para fazer na missa, mamãe!”, esbravejava uma criança antes de ir. “É necessário ir, meu filho! É a casa de Deus, precisamos rezar!”, respondia a mãe.
Os jovens eram de famílias Católicas Apostólicas Romanas e iam por costume – não por fé. Estavam com o corpo lá, mas a mente devaneava por caminhos digitalizados. Por exemplo, o videogame aguardando-os em suas casas. Os aparelhos acumulavam teias de aranha, pois aguardavam, por um tempo que parecia infindável, o retorno dos adolescentes que não chegavam.
Os adultos iam para pagar os pecados, como o pagador de promessas. Além disso, compareciam apenas aos domingos.
“Domingo é dia de missa. Então, preciso ir para pagar os pecados cometidos ao longo da semana.”
Os adultos, que viviam aos pés do pecado, começavam tudo de novo após o culto. A igreja era um recomeço constante para eles. Pecavam e rezavam. Seguiam dessa forma. É o botão do reset espiritual, mas sem o videogame.
Os idosos, de uma época mais longínqua, possuíam um fervor maior que os demais. Foram criados na religiosidade e em uma época diferente. “Antigamente, era melhor! O povo tinha mais Deus no coração!”, dizia um idoso comigo após a missa de domingo.
Finda a missa.
Deus, em tese, encontrar-se-ia lá. Ele está no simples e em todos os lugares, mas não marcava presença na igreja naquele dia. As pessoas estavam ausentes espiritualmente. Deus, portanto, resolveu dar um passeio, com o fim de fugir do culto e descansar nesse dia. Nem Deus, que apesar de ser eterno, aguentou esperar o povo indiferente espiritualmente para rezar.
Quem sabe, foi para os mesmos lugares frequentados pelos fiéis: uma sorveteria ou um restaurante. Deus é bondoso e paciente, mas não aguentou esperar – estava entediado e impaciente.


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