A esperança nas veias de uma mulher preta
Artesã das palavras
que me entrelaçam
E me embaraçam
Nesse emaranhado de emoção
Escrevo com o corpo
E despejo solidão
Desesperada por esperança
Me apego na sensação
De transbordar fazendo arte
Em linhas de afirmação
O choro que escorria
A menina que se diminuía
O preconceito que ela sofria
Isso se deu versos de poesia
Os silêncios constantes
Os gritos deselegantes
As opressões incessantes
Esse povo é mesmo petulante
Pare, por favor
Pois já sinto amargor
Na sua forma de impor
A uma escritora e seu valor
Mas continuo a escreviver
Como uma forma de me reerguer
Numa sociedade onde a vida
Pra mulher negra
É bem mais do que só viver
Nem as pedras na caminhada
Não são capazes de parar
Uma poetisa determinada
São outras lentes para enxergar
São outros saberes para navegar
Acinturar fios que me conduzem
Na mulher que pretendo me tornar.
Poesia autoral: Laryssa da Motta
São Gonçalo, Rio de Janeiro 2025.
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