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Projeto 16 horas – Edição: Mar.25 – crônica – “Amoras maduras” – Cristina Vergnano

A cena do verão de 2024 se repete neste ano: cá estou eu catando abundantes amoras no quintal da minha sogra. Ô delícia, colher fruta no pé! Como diz Carol Costa: a natureza é generosa.

Nasci, cresci e vivo no Rio de Janeiro, uma metrópole cheia de gente, prédios, carros, engarrafamentos, insegurança, mas com uma natureza especial de montanha, floresta e mar. Meu bairro tem vários recantos arborizados e, ao entrar na minha rua, com poucos metros sentimos o ar mais fresco e os ruídos urbanos amortecidos. De suas árvores vêm a sombra, o farfalhar das folhas ao vento, as borboletas, pequenas abelhas, cigarras e os diversos pássaros. Ainda assim, moradora de apartamento, não tenho a sorte de comer frutas colhidas com minhas mãos com frequência.

Em pequena, esse prazer acontecia na casa dos meus avós paternos. Embora não fosse um lugar grande, estava cheio de árvores, horta e até galinheiro. Desde o ponto de vista infantil, parecia todo um mundo a ser explorado e saboreado. Hoje, na minha sogra, acontece coisa semelhante. Plantamos, no espaço reduzido, boa variedade de frutíferas, horta e plantas ornamentais. O clima é quente e úmido, logo, a vegetação, além de embelezar e nos dar frutas gostosas e orgânicas, ajuda no controle da temperatura.

Todas essas lembranças e sensações começaram a partir da colheita das amoras. Amo essa frutinha roxa, com seu azedo adocicado. As que compramos nos hortifrútis da vida costumam ser desenxabidas, só com boniteza. A gente paga caro para tirar pouco proveito. Já, as colhidas no pé, crescidas em quintais sob o sol, quase selvagens, são especiais! Têm sabor de infância, de brincadeira e atiçam o paladar. A nossa amoreira concorda plenamente com a assertiva da Carol Costa. Floresce e frutifica ao longo de todo o ano, com abundância. Resultado: muitas amoras para fazer geleia, virar sorvete ou saborear in natura a cada visita.

Para mim, o mais fantástico da árvore é ver como seus frutos amadurecem em etapas, de um dia para o outro. A gente se coloca no meio de seus galhos tombados para baixo e colhe, colhe, colhe e tem a impressão de que esgotou a safra. No dia seguinte, porém, volta e descobre outras tantas maduras, prontas para serem degustadas, ao lado das de vez e de várias ainda verdes, promessas para breve.

Outro efeito curioso é o jogo de esconde-esconde. Ao catar amoras, puxando galhos para facilitar o alcance das mais altas, muitas estão ocultas sob ou por trás de folhas. Mudando o ângulo, as maravilhas escondidas se deixam ver e a partida recomeça. Cada rodada rende, na alta temporada, mais de meio quilo de frutas, deixando muitas outras à nossa espera. Nem estou contando com as que ocupam as porções superiores dos ramos, longe de nossos dedos gulosos. Estas ficam para pássaros e insetos. Afinal, a natureza é sábia, fecunda e dadivosa.

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Nota da autora: Esta crônica, aqui revisada, foi publicada, em sua primeira versão, no dia 31/01/2024, minha estreia na Entre Poetas & Poesias. Volto a publicá-la como um resgate de textos perdidos com a migração da revista para novo site.


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2 respostas para “Projeto 16 horas – Edição: Mar.25 – crônica – “Amoras maduras” – Cristina Vergnano”.

  1. Avatar de coutmoni
    coutmoni

    Parabéns pelo texto! E deixou a gente com água na boca! Bjo

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    1. Avatar de Cristina Vergnano

      Olha, dá água na boca mesmo!E é tão gostoso comer quanto exercitar esse contato com a natureza. Obrigada pela leitura. Abç.

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Criada em 2020 pelo professor e poeta Renato Cardoso, a Revista Entre Poetas & Poesias é um periódico digital dedicado à valorização da literatura e da arte em suas múltiplas expressões. Mais que uma revista, é um espaço de conexão entre leitores e autores, entre a sensibilidade poética e a reflexão cotidiana.

Registrada sob o ISSN 2764-2402, a revista é totalmente eletrônica e acessível, com publicações regulares que abrangem poesia escrita e falada, crônicas, ensaios, entrevistas, ilustrações e outras formas de expressão artística. Seu objetivo é tornar a arte acessível, difundindo-a por todo o Brasil e além de suas fronteiras.

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