Altamir Lopes

A Achologia como meio de definição das coisas…

                A nossa querida Língua Portuguesa impõe certos maus vícios linguísticos que, parando para pensar, nos deixa em dúvida até mesmo se o que acabamos de dizer é aquilo mesmo que queríamos dizer…

Um bom exemplo é o emprego do termo “eu acho” nas nossas conversas diárias e, alarmantemente, em textos escritos.

Quando precisamos expor uma opinião,  expressar um sentimento ou até mesmo orientar a uma ação, usamos e abusamos do “eu acho”. Repare. É assim mesmo. E eu não Acho, tenho certeza.

Daí, o que é “Achar”? Pensemos: em geral, você só acha aquilo que encontrou ou presume que encontrou. Talvez tenha procurado até achar, ou não. Sim, imperativamente, o Verbo “achar” sempre fará parte do seu know how – informação/conhecimento acumulados – na hora de expressar idéias. Será que isso é o mais apropriado? Vamos por partes…

 Talvez sim, se levarmos em conta que quando alguém diz “eu acho” ao expressar sua opinião, ela está expondo sobre aquilo que ela conhece, o que ela vê, o que ela estudou. E pode ser muita ou pouca carga de informação. Logo, um “eu acho” daquela pessoa que nada conhece a respeito de um assunto, terá obviamente menos dados relevantes (embora a opinião de um ser humano tenha sua escala de relevância, independentemente de sua cultura e/ou conhecimento, claro) do que daquele que reuniu mais informações fiáveis acerca da mesma pauta. Afinal, medite: ao procurar alguém que possa lhe ajudar em termos de cuidados com sua saúde, por exemplo, não concorda que o parecer de um profissional ( ou até mais de um profissional) formado na área é obviamente mais confiável do que o parecer de um curioso?

Por outro lado, a expressão “eu acho” nem sempre vem com a ideia meramente expositiva. Não! A ideia é muitas vezes IMPOSITIVA. “EU ACHO QUE VOCÊ ESTÁ ERRADO!” ou “EU ACHO QUE ISSO DEVE SER FEITO”. E ponto. E se acompanhado do tom de voz específica, a postura do narrador tende  muito mais a uma ordem tirânica do que uma simples opinião… meio chato isso.

                E voltando para as raízes do que se pode apelidar de achismo, quantas limalhas do atrito entre pessoas podem ser reduzidas com a simples substituição do eu acho pelo “Tenho a impressão” ou “Parece, nesse caso” ou até mesmo “Até onde os meus olhos podem ver”! Demonstrar modéstia no falar também faz parte de uma boa manutenção nas relações interpessoais. Você não acha?

Imagem: Pixabay

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Altamir Lopes

- Graduado em Gestão de Negócios, MBA em Gestão de Recursos Humanos, Orientador Educacional e de Carreira, Licenciando em Pedagogia e Pós-graduando em Neuropsicopedagogia. - Desenhista, formado pelo SENAC RJ. - Terapeuta Integrativo, Formado em Reflexoterapia, Quiropraxia e outras técnicas holísticas. - Palestrante, Instrutor de cursos gerenciais e Técnicos. - Mas acima de tudo, um servo do Deus vivente Jeová, Pai, marido e ser humano reflexivo. Na coluna que leva o meu nome, vamos nos encontrar para refletir sobre a arte da gestão de pessoas e relacionamentos. Nos meus textos, pretendo levantar questões e reflexões sobre a sociedade humana e seus meandros paradoxais e especialmente, a relação que cada um tem consigo mesmo por meio de textos em verso, prosa, crônicas, contos etc. E também publicarei na coluna RH - Resultados Humanos, artigos que tratam dos Resultados da ação Humana na História. Entrevistas com pessoas que fizeram acontecer e reflexões profundas também farão parte dessa coluna. De vez em quando, em quaisquer dessas colunas, vou publicar uma charge ou caricatura autoral...Espero que gostem.

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