A Achologia como meio de definição das coisas…
A nossa querida Língua Portuguesa impõe certos maus vícios linguísticos que, parando para pensar, nos deixa em dúvida até mesmo se o que acabamos de dizer é aquilo mesmo que queríamos dizer…
Um bom exemplo é o emprego do termo “eu acho” nas nossas conversas diárias e, alarmantemente, em textos escritos.
Quando precisamos expor uma opinião, expressar um sentimento ou até mesmo orientar a uma ação, usamos e abusamos do “eu acho”. Repare. É assim mesmo. E eu não Acho, tenho certeza.
Daí, o que é “Achar”? Pensemos: em geral, você só acha aquilo que encontrou ou presume que encontrou. Talvez tenha procurado até achar, ou não. Sim, imperativamente, o Verbo “achar” sempre fará parte do seu know how – informação/conhecimento acumulados – na hora de expressar idéias. Será que isso é o mais apropriado? Vamos por partes…
Talvez sim, se levarmos em conta que quando alguém diz “eu acho” ao expressar sua opinião, ela está expondo sobre aquilo que ela conhece, o que ela vê, o que ela estudou. E pode ser muita ou pouca carga de informação. Logo, um “eu acho” daquela pessoa que nada conhece a respeito de um assunto, terá obviamente menos dados relevantes (embora a opinião de um ser humano tenha sua escala de relevância, independentemente de sua cultura e/ou conhecimento, claro) do que daquele que reuniu mais informações fiáveis acerca da mesma pauta. Afinal, medite: ao procurar alguém que possa lhe ajudar em termos de cuidados com sua saúde, por exemplo, não concorda que o parecer de um profissional ( ou até mais de um profissional) formado na área é obviamente mais confiável do que o parecer de um curioso?
Por outro lado, a expressão “eu acho” nem sempre vem com a ideia meramente expositiva. Não! A ideia é muitas vezes IMPOSITIVA. “EU ACHO QUE VOCÊ ESTÁ ERRADO!” ou “EU ACHO QUE ISSO DEVE SER FEITO”. E ponto. E se acompanhado do tom de voz específica, a postura do narrador tende muito mais a uma ordem tirânica do que uma simples opinião… meio chato isso.
E voltando para as raízes do que se pode apelidar de achismo, quantas limalhas do atrito entre pessoas podem ser reduzidas com a simples substituição do eu acho pelo “Tenho a impressão” ou “Parece, nesse caso” ou até mesmo “Até onde os meus olhos podem ver”! Demonstrar modéstia no falar também faz parte de uma boa manutenção nas relações interpessoais. Você não acha?
Imagem: Pixabay