“Ahhhh, meus bons tempos…”
“Eu era feliz e não sabia…”
“Tempo bom que não volta mais…”
Quem já ouviu essas frases?
Ou melhor, quem nunca falou frases como essas, que atire a primeira pedra!
Um dia desses eu estava vendo uma série e ouvi uma afirmativa que me chamou a refletir e dizia mais ou menos assim: “Normalmente romantizamos o passado, pois esquecemos o quanto de dificuldade também existiu naquele momento”.
Esse pensamento expresso em palavras faz refletir, remoer e viajar em tantas vezes que pensamos ser o passado uma caixa dourada, embrulhada carinhosamente, cheia de felicidade e mimos aos quais não demos valor.
Mas será mesmo?
Olhando para cada momento passado que temos como pleno de felicidade, também existiam perturbações, alterações, dificuldades, dores, tristezas…
Talvez, traçando um parâmetro com as tormentas enfrentadas atualmente, pode parecer que dantes foi mais leve, a ponto de serem colocados na gaveta do esquecimento os azedumes vividos, mas concluímos que nenhum momento é repleto apenas de flores.
A infância é realmente maravilhosa! Estar cercado de carinho, cuidado, viver sem as responsabilidades do trabalho, brincar até anoitecer, sorrir com inocência e não ter boletos para pagar são algumas das inúmeras benesses de ser criança. Mas, viaje no tempo e reloque-se no seu corpo pueril: Naquele tempo, nosso maior desejo era ser adulto o mais rápido possível, afinal queríamos poder fazer e alcançar muitas coisas que como crianças não podíamos, o que causava inquietação, tristeza e muita frustração.
Quando olhamos as pessoas ao redor da nossa mesa no natal, vemos alguns olhares que nos fazem falta, ausências irreparáveis causadoras de grandes vazios no peito, principalmente quando relembramos da época em que eles estavam ali. Isso dói sim, mas também devemos olhar para os muitos outros motivos que temos para sorrir e nos encher de felicidade, muitos deles transmudados em novos olhares curiosos, alegres e brilhantes que correm ao redor da mesa com sorrisos e gargalhadas encantadoras, as quais dantes não estavam ali.
Esse tipo de reflexão se enquadra em qualquer tempo vivido, afinal, nada foi plenamente bom ou totalmente ruim…
Quando a ampulheta que carrega a dosimetria do tempo nos indica o fim de mais um ano, refletimos, pedimos, agradecemos e lembramos saudosos de um passado que muitas vezes é romantizado. Contudo, se os tempos de hoje parecem mais difíceis que os de outrora, tome cautela para que o tempo presente, que é enxergado como doloroso e espinhoso, não se torne o mesmo período que será romantizado no futuro.
Não estou rogando praga ou dizendo que seu futuro será ruim. De forma alguma!
Estou apenas tentando despertar em você o desejo reflexivo de olhar com romantismo o seu presente, para que sinta o perfume das flores em todos os tempos, enamorando-se pelos bons detalhes, mas lutando para que quando vier a tristeza na ampulheta da vida, esta seja ultrapassada de mãos dadas com o que a vida também traz de bom diariamente!
E você, anda romantizando o passado, antecipando o futuro ou discernindo o presente?
Michelle Carvalho
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