Caminham as sombras do ontem,
onde os passos eram guiados por mãos que pareciam inquebráveis.
Os olhos dos filhos seguiam a trilha marcada,
e as vozes dos pais eram o norte, a bússola certeira,
como se o destino fosse um mapa desenhado em segredo.
Mas o tempo, esse escultor invisível,
trabalha em silêncio, desenhando novas paisagens,
onde os caminhos se bifurcam e as mãos outrora firmes
agora tremem, sem perceber que o fio que seguravam
já se desprendeu.
Há raízes que insistem em se cravar fundo,
mesmo quando os galhos se estendem ao céu,
e a terra que acolheu a semente
não aceita a independência da árvore que brota.
Os ventos da vida sopram forte,
mas as palavras, afogadas no orgulho,
transformam-se em barreiras invisíveis.
Crescer é um ato de coragem,
um voo silencioso, que nem sempre pede licença.
Há quem veja no voo uma afronta,
uma traição aos dias de colo e proteção.
Mas o voo não nega o solo que o impulsionou,
ele apenas responde ao chamado do horizonte.
Os filhos caminham com passos firmes,
enquanto os pais olham de longe,
presas em um ciclo de saudade e controle.
Mas o amor verdadeiro, aquele que liberta,
não se enraíza no medo,
nem se prende às sombras do ontem.
E assim, cada folha que cai,
separando-se do tronco que a sustentou,
encontra no vento o seu destino,
carregada não pela rebeldia,
mas pela certeza de que seu lugar
é onde o mundo a chama,
mesmo que distante dos braços que a criaram.
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