Adotei há muitos anos a ideia (fixa) de não ser nada. Há tempos eu a crio com muito cuidado e atenção paternais. Descobri isso quando eu tinha a ideia de ser tudo, depois de perceber que era minha filha bastarda.
Ocorre que ser (tudo) implica na precedência à queda. Não foi diferente com o rei de Tebas, tio de Édipo, quando tomou o poder na cidade. O não ser (nada), por outro ângulo, pode ser humilhante em um primeiro momento, mas glorifica e exalta depois.
Diante do dilema de Shakespeare, em Hamlet, decidi o segundo caminho: não era nada, não sou nada e não serei nada.


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