Levamos a vida como frios autômatos,
presas de um mundo apressado e sem cor,
seguindo regras, gestos tão monótonos,
calando a mente, abafando o amor.
Se ousamos romper tais direções,
ouvimos vozes ditando sentença:
“Comporte-se como as outras pessoas,
seja padrão, mantenha aparência!”
O tempo corre em ponteiros marcados,
relógios ditam o passo e o fardo.
Mas quem nos garante que são de fato vividos
os dias que passam, tão repartidos?
Cada coisa exige instante preciso,
agenda cheia, sem brechas, sem riso.
E o momento guardado só para nós?
Será miragem que o vento desfaz?
Recordo os versos de Gabriel Boni,
na melodia que ainda me comove:
“Eu devia sorrir mais” ele proclama,
mas a rotina o sorriso remove.
Viver não deveria ser só corrida,
nem labirinto de dor sem saída.
A vida clama por gesto espontâneo,
por pausa doce em meio ao cotidiano.
Todavia, o mundo não é utopia,
e às vezes falta horizonte claro.
Por isso, muitos sem outra escolha
apertam o botão do “Automático”.
Mas quem sabe um dia, em súbito instante,
aprendamos a ser menos constantes,
a desatar as amarras do prático
e reinventar o viver democrático.
Que o tempo nos seja mais poesia,
não mera linha de cronologia.
E que a alegria, solta e errante,
seja o milagre de cada instante.
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