“A maternidade salva…”
“A maternidade nos faz pessoas melhores…”
Quantas vezes lemos essas frases na internet ou ouvimos de pessoas que parecem santificadas, cheias de paz, de aura plena de paciência e felicidade, parecendo que realmente estão purificadas após a vinda de um filho?
Cada um enfrenta suas guerras, amarguras e dores. Alguns com mais paciência, outros sem nenhuma, seja porque realmente não a possuem ou porque estão exauridos no meio do caos que a vida tem andado, afinal, girar todos os pratos dos âmbitos da vida exaure toda a energia e extingue qualquer paciência que poderia existir dentro do ser humano.
Neste ponto, a fé é primordial para seguir em frente e olhar todos os ângulos do que se tem vivido, o que ocorre normalmente naqueles encontros noturnos com Deus, no silêncio da casa, quando todos dormem… Aí vem o arrependimento pelos gritos, pela impaciência e por parecer não estar dando valor a tantas graças que cercam a vida.
Mas tudo bem, temos anseios demais e erramos também, isso é normal, é humano! Que busquemos paulatinamente fazer um pouco melhor a cada dia, um dia de cada vez, um momento de cada vez… e assim chegamos às frases iniciais desse texto.
Não é “A maternidade” ou “a paternidade” que salva ou que nos faz pessoas melhores, se assim fosse, não veríamos tantas mães e pais violentando, agredindo, fazendo coisas horrendas e abomináveis contra o próximo, ou até mesmo contra as crianças…
Não se trata de um passe de mágica para a salvação, não mesmo?
Também não se trata de devoção, exílio do mundo e submissão plena ao novo status trazido por gerar um herdeiro… Trata-se de desejo de tentar todos os dias ser um espelho para aquele pequeno ser em construção, principalmente nas pequenas coisas.
Sabe aquelas atitudes que você cresceu vendo as pessoas fazerem, que muitas vezes sabe que é errado, mas vez ou outra, quando ninguém vê, você acaba fazendo até mesmo sem sentir?
– Falar aquele palavrão cabeludo;
– Colocar aquele lixinho no cantinho do canteiro porque não queria sujar sua bolsa e a lixeira encontrava-se distante;
– Atravessar a rua sem a devida cautela;
– Ouvir música imprópria
– Tratar as pessoas com quem convive sem o devido zelo e educação
Dentre tantas outras coisas simples e cotidianas que sem sentir acaba fazendo de forma automática…
Sim, nesses pequenos passos somos lapidados e melhorados para sermos salvos, mas só se desejarmos, pois como já falei, não é mágica nem se trata de fórmula pronta.
Hoje na igreja, meu filho viu outra criança menor do que ele amassando um copo plástico e jogando no chão. Rapidamente falou alto: “- Ele está fazendo errado! Não pode jogar lixo ali!”
Meu coração de mãe revigorou-se em alegria por ver que minha semente e minha atitude está moldando meu pequeno na simplicidade cotidiana. Parece bobo, mas são nas pequenas coisas que se forma o caráter. Uma casa não se constrói sem os grãos de areia misturados e sem o primeiro tijolo. É de pouco em pouco que construímos um mundo inteiro!
Não é pela dedicação ou abdicação da própria vida tal qual um martírio penoso por um filho que seremos salvos ou melhorados, muito pelo contrário, se assim fizermos, estaremos nos maltratando e sofrendo por acreditarmos somente na criação por obrigação, e isso não é melhora, isso é enfermidade.
A maternidade/paternidade é um presente que recebemos de Deus. Ele nos deu uma folha em branco de papel delicado e preciso ao extremo, no qual devemos escrever e moldar, não somente com falas, mas com exemplos. Somos a fôrma sobre a qual desejamos que nossa receita de vida cresça, tornando-se bela e com força para mudar o mundo! Se este é o desejo, devemos nos policiar e agir diariamente de forma a bloquearmos nossos instintos contrários às boas maneiras e ao desamor. O resto flui, porque esses pequenos vem com um manual próprio em que eles nos ensinam mais do que nós a eles.
Não se trata de ser melhor “por eles”- porque seria a total abnegação de si – ou que “agir por eles” seja a “salvação”, pois seria uma ação pautada em interesse egoísta para alcançar proveito próprio.
Trata-se de buscar dentro de si o carinho, o respeito, a educação, a empatia e o amor que sempre moraram em você, mas que muitas vezes foram colocados de lado pela iniquidade do mundo. Trabalhe para trazer a tona o que faz parte de você transmita isso aos que lhe cercam e, por consequência, seu pequeno será beneficiado.
Não devemos colocar nos ombros de um ser tão indefeso a obrigação da “salvação” de alguém, até porque a salvação é individual, não é mesmo?
Por isso, olhe bem a seu redor, sendo pai, mãe, irmão, avó, tia, amigo ou até mesmo uma pessoa que não tem contato nenhum com uma criança, busque diariamente dentro de si o carinho, o respeito, a educação, a empatia e amor que sempre estiveram dentro de você e jorre-os aos que o cercam a cada instante. É luta diária! E se hoje não conseguir, tente amanhã novamente!
Lapide-se por si, em si!
Seu filho até pode ser a mola propulsora, mas a batalha é sua!
A consequência vitoriosa desta luta é ser um belo espelho para sua criança e para todos que passarem por sua vida.
Michelle Carvalho
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