É uma sensação desagradável abrir a bolsa e não encontrar o que você quer, principalmente quando é importante. No meu caso, foi um livro de literatura ficcional muito interessante. Porém, é um objeto pesado e volumoso. Creio que, fazendo duas coisas ao mesmo tempo, acabei esquecendo de trocá-lo de bolsa.

Travessia ponte Rio- Niterói, trânsito parado. Não soube ao certo se foi um veículo com problemas ou um acidente. Na segunda hipótese, nem procuro olhar, até mesmo porque não teria como ajudar, além de não possuir estrutura emocional. Se nada posso fazer, não quero nem saber.

Falando de emoções, resolvi usar o celular. Internet ruim, na altura do vão central, isso sempre acontece. Abri a galeria, hora de fazer uma limpeza. Meu filho já me chamou de “acumuladora digital”! Tal crítica não soou bem aos meus ouvidos. Foi uma grande alfinetada e, sobretudo, verdadeira.

Analisando os arquivos junto às mensagens extremamente carinhosas de amizade, estão as fotos de felizes momentos. Aliás, quem é que fotografa um fato ruim? Absolutamente ninguém! Exceto os profissionais da imprensa que cumprem com essa obrigação.

Percebi que o tráfego seguia lentamente, mas eu estava absorta em meu portal do tempo. Sorria, outras vezes sentia vontade de gargalhar relembrando os acontecimentos. Da mesma forma que segurei o choro ao rever pessoas que já não estão entre nós. Como ali, em alto-mar, eu iria desfazer daquelas agradáveis sensações?

Ainda com o celular na mão, fechei os olhos e viajei no tempo. Bastante aliviada por não sentir o estresse do engarrafamento. Não sei por quantos minutos… só acordei quando ouvi uma voz conhecida de um rapaz: “Professora, acho que a senhora passou do seu ponto!”

Ele estava certo. Duas paradas depois, voltei andando para casa com o celular lotado, sem limpar nada!

Ivone Rosa

@profaivonerosa

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