Um dia acordei assustado, num sobressalto. Tive um sonho, mas pode considerar um pesadelo – isso pouco importa. Sonhei que estava nu perante o mundo e não conseguia me vestir. Nem conseguia esconder as minhas vergonhas. Corria, corria, corria, tentando fugir. Porém, conforme fugia, sempre havia alguém me observando completamente despido. Toda a persona criada por mim na adolescência, como as criadas pelos antigos atores da dramaturgia grega a fim de encenarem uma personagem, foi completamente desnudada. Minhas vestes arrancadas pelo mundo, minha máscara arrancada. Tive vergonha da exposição vexatória: de expor a mim mesmo.


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