Há vidas que correm sem ter chegada,
na pressa que fere, na estrada cansada.
O tempo se impõe com garras de aço,
transforma o presente em frágil pedaço.
Ansiosa é a mente que nunca descansa,
tece futuros, rouba a esperança.
O agora se perde em névoa sombria,
a calma se esconde, a alma se esfria.
Corações batem num som descomposto,
é medo que pulsa, não canto nem gosto.
Respira-se curto, respira-se em dor,
como se o ar fosse dívida e temor.
Sonhos pesados, promessas vazias,
trazem correntes em noites frias.
E cada escolha, antes de ser,
já nasce temor de se desfazer.
Mas no intervalo, na pausa pequena,
há brisa suave, há voz que serena.
Nem tudo é tormenta, nem tudo é afã,
há paz escondida no sopro que vem.
Ansiedade é ponte que corta paisagem,
é fome de fruto sem ver a ramagem.
É queda temida, é pressa de ir,
sem ver que viver é também resistir.
E o humano aprende, mesmo entre abismos,
a colher instantes nos seus próprios ritmos.
Pois só quem habita o tempo presente
faz da própria espera um lar permanente.
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