Erguem bandeiras, sorriem com brilho forçado,
Em setembro, proclamam: “Estamos aqui por você!”
Falam de cuidado, um discurso ensaiado,
Mas seus olhos revelam o que não querem dizer.
É fácil se vestir de bondade em um mês de cor,
Quando o laço dourado vira símbolo fácil.
Repetem frases prontas, falam sobre amor,
Mas ignoram a dor real, num desprezo sutil.
São os heróis de um mês, os santos de fachada,
Que com palavras doces se enfeitam de luz,
Mas ao virar a folha do calendário, na estrada,
Voltam ao cinismo que o setembro reduz.
Outubro os desnuda, e a crueldade renasce,
A empatia escorre, não há mais o que fingir.
A mão que em setembro estendia-se em enlace,
Agora se fecha, sem vontade de ouvir.
Onde estão os corações abertos em outubro, novembro?
Aqueles que gritavam por cuidado e atenção?
Sumiram no vento, esqueceram do alento,
Só voltam a lembrar com nova ocasião.
Mas a dor não escolhe mês para existir,
A angústia não espera por datas marcadas.
Enquanto eles fingem, outros estão a cair,
Perdidos, esquecidos, por almas frias e amarradas.
É fácil pregar o amor com a plateia presente,
Mais fácil ainda abandonar quando o palco se esvazia.
Ser bom de verdade é ser constante e clemente,
Mas eles preferem o teatro de um mês e sua hipocrisia.
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