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Entre Palavras e Reflexões: Guilherme Fischer e o olhar literário sobre a vida

Guilherme Fischer, natural de Maringá-PR, é docente e escritor. Desde cedo, a literatura entrou em sua vida de forma gradual, incentivada pelos pais e pela curiosidade natural de compreender o mundo através das páginas dos livros. Ao longo do tempo, ele transformou a observação do cotidiano em histórias que exploram temas sociais, existenciais e poéticos.

1. Para começarmos, conte um pouco da sua trajetória: quem é você, de onde vem e como a literatura entrou na sua vida?
Moro em Maringá-PR e me dedico à docência e à escrita. A literatura entrou aos poucos na minha vida: meus pais incentivavam a leitura e a arte; minha curiosidade, desde a infância, encontrava respostas nos livros. Li autores que me instigaram a ler mais e frequentei espaços artísticos que favoreceram o meu olhar para a escrita.

2. Como sua vivência pessoal e contexto influenciam os temas que você escolhe para escrever?
Sou muito observador. Utilizo com frequência locais comuns como cenários e pessoas do cotidiano como personagens. Às vezes, uma história que escuto, uma pessoa na fila do banco, o diálogo de alguém andando pela calçada ou uma notícia de jornal tornam-se ideias que capturo.

3. Seus livros (textos) dialogam com temas sociais ou existenciais? Apresente uma sinopse de uma ou mais obras que expressem isso.
Meu primeiro livro, Minimalismo, traz uma visão introspectiva sobre os acontecimentos da natureza, própria do estilo dos poemas que o compõem: haicais.
O segundo livro, Enterro sem Defunto, dialoga com temas sociais e existenciais. É composto por uma seleção de contos que exploram o desgaste de elementos vitais do convívio social. Embora algumas histórias não apresentem morte física, os personagens vivenciam a morte figurativa por meio de rupturas e desilusões provocadas por decepções e acontecimentos marcantes. O livro convida o leitor a refletir sobre a efemeridade dos relacionamentos e o impacto profundo que os acontecimentos cotidianos podem exercer em nossas vidas.

4. Você costuma participar de feiras como leitor também? O que busca nesses espaços?
Gosto muito de participar de eventos literários. Nesses espaços, tenho como objetivo aprender ao máximo com o que o local oferece. Sempre que possível, assisto às palestras e participo de oficinas — são uma forma de aprender sobre escrita e diversas visões sobre literatura. Visito todos os estandes, observo o público e o evento como um todo. É uma forma de aprender sobre marketing, mercado literário, tendências, organização de eventos, escrita e arte.

5. Já foi premiado por algum dos seus textos? Como lida com o reconhecimento do meio literário?
Fui selecionado em concursos literários com contos, microcontos, trovas, sonetos, haicais, poemas livres e poemas concretos. Os concursos são um movimento importante para a divulgação da literatura no Brasil, e sou grato às pessoas e instituições que os realizam.
Em relação ao reconhecimento por meio da seleção em concursos literários, fico feliz com a possibilidade de aprendizado. Leio todos os autores que foram selecionados e aprendo com a forma como escreveram dentro dos temas ou regras propostas no edital.

6. Já pensou em adaptar alguma obra sua para outras linguagens, como teatro, cinema ou HQ?
Nunca pensei em adaptar o que escrevi para outros formatos. Não por rejeitar a ideia, mas por estar considerando essa possibilidade apenas agora, enquanto respondo à entrevista.

7. Que papel a literatura pode ter na transformação social, na sua visão?
O texto informativo é importante na construção do pensamento lógico e técnico. O texto artístico (assim como toda forma de arte) é essencial no processo de interpretação e construção de bagagem crítica e emocional; ele nos faz pensar e sentir as questões do próprio ser humano.
No texto técnico, aprendemos as estruturas de uma planta; no artístico, treinamos os olhos para enxergar o quanto ela é bonita. Em um texto informativo, aprendemos sobre uma guerra; já no artístico, nos dispomos a acompanhar mentalmente e emocionalmente um personagem vivenciando esse conflito.
A transformação social por meio da literatura está na transformação individual que ela proporciona, ao nos fazer pensar e sentir com o coração e a mente do outro. Isso afeta positivamente nossa interpretação do mundo, das pessoas, de nós mesmos e amplia o respeito à pluralidade de emoções e pensamentos.

8. Em que momento você percebe que um livro (texto) seu está “pronto para o mundo”?
Considero um texto finalizado após revisar o conteúdo (escrever e reescrever) e a forma (cortar palavras e substituí-las). A maioria das ideias se apresenta em estado bruto, e não parecem, à primeira vista, interessantes. Organizo essas ideias mentalmente, planejando o que ocorrerá no início, meio e fim do texto, e então escrevo em fluxo de pensamento, com esse roteiro em mente.
O resultado inicial apresenta muitas falhas. Releio e reescrevo trechos; após dias ou semanas, retorno à leitura e reescrevo novamente. Repito isso quantas vezes forem necessárias até que o texto carregue, de fato, a mensagem que planejei.
Finalizado o conteúdo, dedico-me à forma: meu foco passa a ser dizer o mesmo de maneira mais impactante e com o mínimo de palavras possível. Releio, substituo palavras por sinônimos mais carregados de sentimento e corto palavras ou frases sem função na comunicação.

9. Quais são seus planos futuros e onde nossos leitores podem acompanhar seu trabalho?
Estou trabalhando na escrita de microcontos, contos e poemas, além de estudar para escrever livros infantis e romances.
Trabalhos e contatos: https://linktr.ee/guilhermefischer

Guilherme Fischer demonstra que a literatura é muito mais do que palavras no papel: é observação, reflexão e transformação. Seja em haicais minimalistas ou contos que exploram as fragilidades do cotidiano, ele utiliza a escrita para instigar leitores a olhar o mundo com mais atenção e sensibilidade. Seu trabalho mostra que cada texto pode ser uma ponte entre o individual e o social, e que a literatura tem o poder de ampliar horizontes e despertar empatia.


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Criada em 2020 pelo professor e poeta Renato Cardoso, a Revista Entre Poetas & Poesias é um periódico digital dedicado à valorização da literatura e da arte em suas múltiplas expressões. Mais que uma revista, é um espaço de conexão entre leitores e autores, entre a sensibilidade poética e a reflexão cotidiana.

Registrada sob o ISSN 2764-2402, a revista é totalmente eletrônica e acessível, com publicações regulares que abrangem poesia escrita e falada, crônicas, ensaios, entrevistas, ilustrações e outras formas de expressão artística. Seu objetivo é tornar a arte acessível, difundindo-a por todo o Brasil e além de suas fronteiras.

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