Brás Cubas era um homem da alta sociedade. O verbo é no passado mesmo, pois ele narra sua história após a própria morte.
Não sei o porquê acham a narrativa de Brás Cubas tão cansativa e enfadonha. Brás Cubas está morto, podemos difamá-lo à vontade, não é? Ele não se defenderá.
Se eu tivesse falecido, como contaria minha própria história? Não tenho a mesma vida que Brás Cubas, porém a tinta da melancolia escreve minha trajetória.
É uma caneta pesada, mais que enxada. Deve ser por isso que a minha caneta é mais pesada que uma sete libras — possivelmente segurada por um trabalhador que capina um lote num sol de 40°. A diferença é que minhas mãos são macias e minha pele não sofre com os raios solares.
Se eu estivesse morto, será que me elogiariam à vontade? É mais fácil lamentar a perda de um homem com falsas honrarias, porque ele não está mais aqui para se defender — seja ele de alta classe ou baixa classe, é tudo igual: sete palmos embaixo da terra.


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