A família é uma instituição importante. Porém, é também complicada. Essa família é composta pelos seguintes integrantes Geraldo, Conceição, Osvaldo, Tereza e Osvaldo Júnior. Geraldo e Conceição são os pais de Osvaldo, que é casado com Tereza. Osvaldo e Tereza possuem um filho: Osvaldo Júnior. O Senhor Osvaldo é um pai amoroso, mas é rústico e conservador (assim como seus pais). Não aceita corpo mole, muito menos choradeira! A Dona Tereza é também carinhosa, mãe coruja e compreensiva – mais aberta que o marido. O Júnior já é mais sensível e delicado. Não é brutamontes. Não carrega sacos de cimento ou joga futebol, amando, sim, a poesia e a escrita. Possui sensibilidade ímpar para isso.
Certo dia, Osvaldo viu seu filho escrevendo poemas melodramáticos. Não gostou nem um pouco! Disse:
– Moleque frouxo! Vá fazer coisa de homem! Não joga bola e nem pratica esporte!
– Pai, eu não gosto disso, e o senhor sabe muito bem – com voz chorosa.
Dona Tereza correu para abraçar o filho e apartar a discussão. Disse para o marido que deixasse o filho seguir a própria vocação, pois era o jeito dele. Abraçou o Júnior calorosamente, que chorava – suas lágrimas vertiam sem cessar, como uma cachoeira, torrente infindável da natureza. O pai não agradava do jeito do menino. Dizia ser coisa de mulherzinha, que isso não era coisa viril. Osvaldo Júnior correu para o quarto e se trancou lá dentro. O pai dele é Dom Casmurro, no sentido que Machado ocultou: cabeça dura!
O próximo dia foi mais tranquilo. Sentaram-se todos na mesa para tomar café. Estava tudo posto: pães quentes, torradas, requeijão e café recém passado.
– Bom dia! – todos se cumprimentaram.
O Senhor Osvaldo não saboreava a comida, apenas a engolia vorazmente. Era Homem, com H maiúsculo! Criado pelo Senhor Geraldo à base de vara de marmelo, sentindo as marcas em suas costas até hoje por ter feito algo que o desagradou. A dona Conceição nada dizia quanto à educação que o pai lhe dava, apenas era condescendente. Porque mulher fazia o que o Homem mandava. Direitos Femininos nem se pensava naquela época! Inclusive, eram muito religiosos os pais do Senhor Osvaldo. Eram outros tempos em que não havia ECA ou Conselho Tutelar para o desespero do pequeno pai do Júnior. Os tempos mudam, não é? As leis são outras e a sociedade também. Contudo, é difícil mudar a ideia geracional e a antiga criação. Umas coisas ficam, outras vão. O amor era outro naquela época, só que hoje também é diferente.
Depois de tomarem café da manhã, cada um foi tomar o seu rumo. O pai foi trabalhar. A mãe cuidar da casa. O filho para a escola. Passadas muitas horas, anoiteceu. Todos retornaram ao lar. Osvaldo Júnior pôs-se a escrever, enquanto Osvaldo assistia futebol na TV e Tereza o fazia companhia. Estavam todos na sala. Tudo normal. Nada mais aconteceu.
Apesar dos conflitos, a família é sagrada. Os conflitos ocorrem, mas depois tudo fica bem. Repetem-se de tempos em tempos. No entanto, o amor no tempo é diferente. Para Joaquim Manoel de Macedo, o pai ama com o coração e com a cabeça, mas a mãe apenas com o primeiro. Dona Tereza ama com o coração, apenas. Osvaldo ama Júnior com a cabeça dura, de casmurro, como Bentinho. Mas é amor, do jeito dele. Ah, a família! Briga, briga, briga, mas continua unida. Graças a Deus! Sagrada Família!


Deixe um comentário