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Poeta, escritora, professora de Literatura, roteirista e estudante, sempre!

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UM BRASILEIRO

Ele foi um homem que saiu de sua cidade natal, Bahia, e veio para o Rio de Janeiro em busca de melhoria de vida. Aqui encontrou trabalho pesado, porém digno, que o levou até o grande e único amor de sua vida.

Esse pedreiro continuou pobre, mas o sonho de construir a própria casa, formar um lindo lar, ter filhos e seu coração gigantesco chamou a atenção de sua amada. Portanto, diante de tanta determinação e bondade, ela percebeu um bom futuro ao lado do pequeno construtor.

Eles se casaram no cartório do Distrito Federal, posaram para fotos na praça do Paço Imperial e mudaram para a cidade vizinha, apelidada de “cidade sorriso”. Nome perfeito para o casal que sempre viveu feliz mesmo com todas as adversidades. Ah, aquele bom moço, tão ingênuo, não podia ver nenhum outro homem vestido de terno que logo tratava como doutor. Pobre homem!

Não posso afirmar se o boato se espalhou ou se pessoas de má índole conseguem encontrar suas “presas de boa-fé”. O predeiro perfeito! Todos queriam.

O trabalhador, que já não era mais jovem e sim um chefe de família, pai de quatro filhos e com a esposa doente, trabalhava de segunda a segunda! Carregava sacos de cimentos, carrinho de mão com o concreto para a construção da laje, construía e não recebia o devido pagamento. Ouvia as falsas promessas: “pode vir mês que vem” ou “passe aqui no dia 15 que a gente acerta”.

Trabalhou por dez anos em uma empresa, acreditando que dessa vez era de pessoas sérias. Infelizmente, não! Não foi registrado e, com a falência, não recebeu indenização alguma.

Então, depois dos quarenta anos, foi admitido como zelador de um prédio que ele também construiu. Estava feliz com seu salário mínimo, com os cumprimentos recebidos pelas senhoras que ele, respeitosamente, as chamava de “madame”. Sempre era escolhido para fazer um conserto aqui, um reparo ali e tudo ficava no “muito obrigado! O senhor é um homem tão bom!”

Aos 54 anos, faleceu de câncer no estômago. Provavelmente, de tanto carregar telhas de amianto e aspirar todo aquele pó. Num gesto de cortesia, todos os moradores do tal prédio fizeram uma lista para comprar uma coroa de flores. Essa função deveria ser feita pelo atual zelador, que ficou com o dinheiro da pequena homenagem e tampouco foi ao enterro! É tolice acreditar que alguém que foi enganado a vida inteira receberia o devido respeito mesmo depois da morte.

E assim ele partiu, sobretudo , não tenho dúvidas de que ele sempre soube que foi amado e respeitado por sua família; um amor eterno e inesquecível.

Ivone Rosa

@proaivonerosa

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