Agosto chegou! É o mês em que celebramos o folclore e a cultura popular brasileira. Ah, e o poeta de Literatura de Cordel. Pois é, foi agora, dia primeiro, abrindo o período.

A cultura popular brasileira corre por todas as regiões do país registrando e revivendo lendas, mitos, costumes, hábitos, tradições, música, dança, ritmos, crenças… tudo que é dito, criado ou inventado pelo povo que venha a marcar sua história e identidade. Afinal, o povo é uma mistura de tudo isso e, assim, vai se espalhando pelo este chão tupiniquim, também tão misturado – essa mistura de cores, de sangue, de raças, de história e de tantas coisas mais, que deixa nosso país eclético, miscigenado, exuberante.

Ah, Brasil, que cultura pode ser mais linda que a tua? O que seria de tua história se não fossem os fazedores de cultura? Quanto dela teria sido sepultada, levada para o túmulo? Quanto o vento apagaria? Quanto seria desfeita pelas ações inexoráveis do tempo? O que seria das gerações seguintes?

Mas, felizmente, temos os fazedores de cultura, essa gente que, a todo custo, luta, se entrega, se sacrifica para que a cultura permaneça viva, mesmo “fazendo das tripas coração” (ditado popular também é cultura), vai, aos trancos e barrancos, ressuscitando um costume aqui, outro ali, soprando uma faísca para não deixar morrer a chama dessa coleção de riqueza popular. E quando se pensa que não, lá se está uma roda de capoeira, uma festa de São João, um reisado, uma roda de viola, um artesanato, um frevo, um maracatu, uma roda de conversa sobre lobisomem, mula sem cabeça, boto, mãe d’água e tantos outros seres fantásticos que povoam a imaginação popular. É assim, lança-se uma idea, um pensamento, um dito qualqer e deixa que a “vox populi” cuida do resto.

Já que agosto é o tempo de tanta coisa bonita, e o bom é que tudo é nosso, não poderia haver data melhor para se celebrar o Dia do Poeta de Literatura de Cordel. “Mas por que isso?” Alguém poderia perguntar. Porque tudo o que falei acima cabe dentro do folheto de cordel, escrito pelo poeta de Cordel, mais conhecido por Cordelista, este gênio que pesquisa, investiga, bisbilhota, imagina e joga tudo nas páginas desse livrinho riquíssimo. E não é de qualquer jeito não: é rimado, metrificado e coerente, de maneira que, se bem escrito, prende o leitor do começo ao fim, levando-o a imaginar e viajar em suas páginas, revivendo memórias e voltando ao passado, vivendo o presente e até mesmo se lançando ao futuro. Há histórias para todos os tempos, de todo jeito e para todos os gostos. Abra um folheto, leia, e nunca mais deixará um cordel esperando numa banca ou fechado numa prateleira qualquer.

E viva o Cordelista!

João Rodrigues (Reriutaba – Ceará – Membro da Academia Cearense de Literatura de Cordel)