Dia 16 de julho, período diurno às 06h e Paulo se prepara para abrir sua padaria. O clima é gélido, pois estamos no inverno. Aliás, Paulo se encontra de casaco fechado, daqueles grossos, de calça jeans e luvas pretas. Ele pega o molho de chaves e procura a chave correta para abrir o portão do estabelecimento.
Todavia, a rua está deserta. Por enquanto, pois daqui a pouco a cidade acorda e vida se enche em seu interior. Observa algumas pessoas se aproximando, mas não para a padaria. Devem estar indo trabalhar – pensa o dono do comércio.
Vem alguém se aproximando. Será um cliente? Aproxima-se de casaco com capuz e com as mãos nos bolsos. Paulo fica petrificado e suas mãos geladas como o clima da cidade nesse dia de inverno. O que chega perto é um homem, cerca de 1,77 metros e de porte esguio. Será que é cliente ou assaltante?
O rapaz diz: “Está aberto ou vai abrir?” Paulo afirma que abrirá nesse momento. Então, o assaltante saca um revólver calibre 38 e ordena que abra o local para que ele possa adentrar e o dinheiro tomar do padeiro. Este se detém por um instante.
Não sabe que providência ou providências tomar no momento: se abre a loja para o assaltante se apossar dos bens ali presentes ou se permanece inerte diante da situação. O criminoso não hesita, aponta o revólver para o padeiro e…
Paulo é morto à saraivada de munições. Torna-se mais uma vítima da violência que assola a cidade. Os vizinhos da padaria se esgueiram pelas portas e janelas para verem o ocorrido, porque ouviram a torrente de tiros que assassinou um simples padeiro.
Os noticiários e jornais locais bradam: PADEIRO É MORTO EM LATROCÍNIO HOJE. A mídia não perde uma e não seria diferente com o ocorrido nesse dia.
Já é dia 17 de julho, 06h. A rua continua deserta. Contudo não está apenas deserta, mas vazia com a ausência de Paulo – cujos pães quentinhos a essa hora matavam a fome das pessoas que iam trabalhar às 07h ou às 08h e tomavam café juntas, em família; também tem a família do padeiro, que agora precisa sobreviver sozinha ou mesmo tocar o negócio dele a fim de sobreviver. Já a cidade prossegue vívida, mas opaca.
Quem fará pães suculentos para os munícipes saborearem um bom café da manhã? Pode ser que seja outro padeiro que substituirá o nosso Paulo ou a cidade ficará sem pãezinhos, mesmo. Quem sabe?


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