Ano que vem já é eleição e eu não consigo pensar em quem votar. Não é assim? Escolhemos em quem votar já na pré-candidatura – seja o político da esquerda, do centro ou da direita. Por mim, nem votava. Abstenho-me de escolher o meu representante legal. Representantes legais, pelo Código Civil, são os nossos pais. Mas o que é o político brasileiro senão paternalistas, que acham o povo infantil e incapaz de cuidar de si mesmo?
Nossos pais eram assim quando éramos crianças. Davam-nos banho, trocavam nossas fraldas, alimentavam-nos e nos punham para dormir. Os representantes do povo também são assim, pois dão o que comer, dão-nos dinheiro e nos dão educação – mas é como um remédio para uma gripe que poderia ser facilmente curada, todavia não é dado na dose correta, podendo se transformar em pneumonia e, por fim, na morte das crianças. Poderia listar inúmeras coisas que eles nos fornecem, mas que são na dosagem incorreta.
Lembra-se do escândalo no INSS? O senhor Cláudio, aposentado há alguns anos, sofreu com isso. Coitado de Seu Cláudio! Ganhando um salário-mínimo mensal, teve pequenas quantias roubadas que, para ele, é bastante coisa. E a Dona Ritinha? Lutando bravamente para proteger seus netinhos contra a fome – sendo esta uma hiena esfomeada atrás dos filhotinhos e a senhorinha uma leoa feroz defendendo-os valentemente. Dona Ritinha depende do CRAS, de Bolsa Família, de auxílio do governo (que é bem pouquinho, dado pelos representantes legais da população, sendo como seus pais, mas daqueles pais muquiranas).
A questão que tenho comigo é: em quem votar? Em meu pai ou minha mãe? Quem é mais legal? Não são os políticos paternalistas? Então um tem que ser o pai e o outro a mãe, obviamente. É o paternalismo aplicado ao nosso lar, o Brasil. Dentro deste, temos os pais, os tios, os avós e somos nós os filhos – contudo mal cuidados. Cadê o Conselho Tutelar que não faz nada ante essa situação? Não adianta chamá-lo, pois os paternalistas estão acima de qualquer autoridade – como a chinela de mamãe, que é mais válida a qualquer Constituição. Choramos pedindo alimento, mas os nossos representantes nos batem com o chinelo a fim de nos calarmos. Abaixo as chineladas!


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