Crônica:
Semana passada, debati com uma amiga sobre minha incredulidade diante da enorme audiência em programas, nada interativos, de reality. Durante a conversa, me lembrei de um fato passado.
Fui conhecer o bebê de um amigo, morador de um conjunto residencial com vários prédios organizados em blocos e numeração romana. Eu já estive no local, mas há três anos e não decorei o bloco, somente o andar.
Na portaria, uma jovem senhora falava com o porteiro. Interrompi o assunto para chegar ao apartamento. Falei o nome, o funcionário não conseguiu identificar. Comentei acerca de sua esposa, que deu à luz há quatro meses. Ele me respondeu que era novo, admitido há um mês e meio. A mulher, atenta à minha solicitação, quis ajudar.
Imediatamente, fiz a descrição física do meu amigo. Sem sucesso. Então, eu disse que ele era irmão de Cacau. Os olhos da moradora brilharam, falando de um personal trainer, um homem alto e lindo surfista. Pedi desculpas, afirmei que Cacau é a irmã dele. A senhora balançou a cabeça, negando saber.
Pensando em voz alta, eu disse: “Imaginei que fosse difícil saber porque ele trabalha viajando…”
Neste momento, a mulher sorriu e perguntou:
– Ele tem uma 4×4 preta? É o que trabalha na empresa tal?
– Pode ser coincidência, porém ele trabalha nesta empresa, sim. Sobre a marca do carro, eu não sei. – sorri constrangida.
– É o meu vizinho, mas eu não sabia que a mulher dele teve neném, não. – respondeu meio que aborrecida. – Nem sei os nomes deles.
Agradeci, caminhei para o elevador pensando sobre o que realmente interessa a algumas pessoas.
Ao final do relato, minha amiga concluiu: “Agora você entende o porquê da audiência” ?
Ivone Rosa
@profaivonerosa
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