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Mundo: Santo do Pau Oco

O mundo é um eterno vazio. Pensei a respeito em um sábado à noite, digerindo o vazio como a vaca rumina o alimento. O planeta Terra está vazio, ou melhor, as pessoas estão vazias. O mundo está cada vez mais populoso, mas sinto um vazio vindo do povo. A população está em casa assistindo TV enquanto come pipoca, talvez o último filme lançado pirateado, ou estão nas ruas desertas, cheias de gente, todavia vazias de alma. 

Reflito sobre isso sob minha própria opacidade de outrora. Digo essa palavra mais formal a fim de não repetir “vazio”. Há problema para o leitor? Creio que não. Contudo, a estilística me manda escrever de forma técnica. Esta é importante, mas mais ainda é a escrita interiorana. Vivo no interior mineiro, cidade de médio porte, mas pacata. No sentido de ser parada? No sentido de ser vazia. Na verdade, o Brasil todo está vazio – de alma, de espírito, de valores que transcendem ele próprio. Mas o que são valores? Se consideramos que são objetivos, todos estão cheios deles. Porém, o vazio reside na inversão dos próprios valores: valoriza-se cada vez mais o mundo e não o espírito.  

Confesso que meus fins eram os mesmos do mundo: a grande viagem tão almejada por todos (Europa e Estados Unidos) e o dinheiro – que compra tudo acima da terra e abaixo do céu. Entretanto, os objetivos se transformaram em valores. Agora transcenderam ao terreno, culminaram no ápice dos fins – de cunho axiológico. Ainda guardo, no entanto, um quê de fins almejados. Mas esses fins são secundários se comparado aos valores acima do céu e da terra. 

Sei, leitor, que deve pensar: vamos todos morrer. Exatamente, esse fato é inegável. O mundo um dia perecerá. Mas agora direi não apenas ao leitor, também ao mundo. Mundo, vasto e vazio, apesar de vazio e melancólico como este escritor, dou-lhe um conselho: preencha-se de valores. Não seja apenas um Santo do Pau Oco, que apenas possui objetivos. Atenha-se aos valores, transcendendo a si mesmo e encontrando a verdadeira axiologia. A morte vem, contudo os fins transcendentes são eternos – em contraponto a ti, com seu imenso vazio.


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Criada em 2020 pelo professor e poeta Renato Cardoso, a Revista Entre Poetas & Poesias é um periódico digital dedicado à valorização da literatura e da arte em suas múltiplas expressões. Mais que uma revista, é um espaço de conexão entre leitores e autores, entre a sensibilidade poética e a reflexão cotidiana.

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