Tumultuoso Silêncio
Tem dias que a gente se sente como quem morreu
Impotente, da dor inerente, da felicidade que não se deu
Pois não vale o que se quer, o que se deseja enfim
Só vale o que se tem, o que é melhor para viver no fim.
Quando pequeno via a panela de pressão
Hoje é quem mora lá dentro sem pausa
Quem queima a todo momento o coração
Que morre a cada segundo do vapor que arrasa.
Mas como explicar, o verbo deve ser morrer
Pois já se nasce morrendo ,e se morre a cada instante
Se morre ao primeiro viver, ao primeiro comer
Se morre ao primeiro beijo, a primeira despedida infame.
E batuca lá no fundo da mente essa dor
Batuca como a marquês de Sapucaí
Mas não as fantasias engomadas com amor
E sim os demônios das dores que não vão sair.
E queima no frio, e gela no inferno da vida
Arde sem parar a ferida, a ferida de viver
E não se quer viver, que alma sofre antes de nascida?
Quem antes de nascer um dia já quis morrer?
E o pavor de ter que ser um ser, mas não querer ser
O pavor de crescer sem o manual pra ler
De ter que fazer o que jamais iria querer
De responder e ninguém entender.
E gritar do fundo da alma, mas o som não sair
Gritar até a vontade um dia deixar de existir
Pois se não me vê gritando pode ter certeza
Que a gritaria é dentro da minha cabeça.
G. Cardoso


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