Vi uma situação trágica envolvendo uma cadela e sua dona. Não estava próximo no momento do ocorrido, mas acompanhei tudo. A cadela Pérola era alegre e saltitante, fazendo jus ao nome. Matava ratos, baratas e o que aparecia em sua frente. Comia somente ração gourmet e carne – seja de primeira ou a que lhe matasse a fome. A dona a amava muito, como o amor de uma mãe por sua filha. Amor este que é infindável e genuíno.
Pérola era literalmente rara, como as retiradas das ostras do mar. Adornava a casa com felicidade e ternura. O amor entre as pessoas do lar e a cadelinha era de outro mundo. Não desse, mundano, mas de um mundo ideal – platônico ou divino. A cachorrinha era realmente uma joia rara, pois não havia outra como ela – que enfeitasse a residência com a animação, carinho e ternura.
Ela adoeceu. Estava velhinha, coitadinha – fraquinha. Há 10 anos ela contagiava a casa com cândido amor. A cadelinha passou longo tempo com mal-estar. Sua dona, para não piorar, dava a ela medicações nos horários corretos e comida da melhor qualidade. Coitada de Pérola… Inocente como qualquer cão, a pureza exalava dela – aquela literal, da joia escassa e do ouro fino. Seus olhos cândidos transmitiam o amor que sentia pela dona, verdadeiro e recíproco. Melhores amigas: o cachorro é o melhor amigo do ser humano, isso é fato.
Pérola não resistiu… Ela, que antes era animada e vivaz, transformou-se em uma estrela cintilante. A mais brilhante e bela do céu. Sua dona, não crendo na situação, chorou e sofreu bastante. Mas a cadela se encontrava em um mundo diferente do atual: habitava um local ideal, enfeitando o céu escarlate com luz de ametista.
Pérola foi uma joia rara. Jamais se viu uma igual. Agora é uma estrela cintilante no céu – puríssima como ouro de Ofir, verdadeira, jamais como bijuteria. Sua luz brilhante ecoará por todo o universo, luzindo o amor recíproco entre ela e a dona.


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