Quando se pensa em patrimônio cultural imaterial no estado do Rio de Janeiro, é impossível não lembrar do nome de Verônica Inaciola Costa Farias da Cruz — educadora, pesquisadora, escritora e curadora de uma memória viva que pulsa em cada verso, em cada dança, em cada bandeira das Folias de Reis. Com mais de 35 anos dedicados à educação pública e à cultura fluminense, Verônica é um dos nomes mais respeitados na luta pelo reconhecimento e preservação das expressões populares brasileiras.

Nascida em São Gonçalo (RJ), terra fértil de tradições, cresceu entre escolas e comunidades onde a cultura popular não era apenas tema de pesquisa, mas parte da vida cotidiana. Sua atuação se deu tanto nas salas de aula quanto nos quintais e ruas onde a arte se manifesta com força e fé. Pedagoga freiriana, mestre em Ciência da Arte pela UFF e doutora em Ciências da Religião pela UNICAP, Verônica une, com rara sensibilidade, rigor acadêmico e engajamento cultural.

Entre o fazer e o viver da cultura popular

Com sólida experiência em coordenação de projetos culturais e uma carreira que transita entre a educação básica e o ensino superior, Verônica especializou-se na valorização do patrimônio imaterial, com ênfase nas artes populares e nos saberes tradicionais. Foi professora da rede estadual e municipal, coordenadora de escolas, diretora de instituição de ensino superior a distância e professora convidada do curso de Produção Cultural da UFF.

Além disso, ministra cursos de educação patrimonial, tendo em seu currículo um MBA em Curadoria, Museologia e Gestão de Exposições, e é especialista em Projetos Culturais e Empreendimentos Criativos. Sua produção acadêmica e técnica já foi apresentada em congressos nacionais, seminários e diversas publicações — sempre com ênfase na articulação entre cultura, educação e religiosidade popular.

A Folia como forma de resistência e poesia

A principal vertente de sua pesquisa se volta para a Folia de Reis, manifestação que conjuga música, dança, religiosidade, oralidade e memória. Em sua tese de doutorado, intitulada “Milagres na Contemporaneidade: enfrentamentos necessários para a permanência das Folias de Reis na Região Metropolitana do Rio de Janeiro”, Verônica analisa como esses grupos, mesmo diante do descaso público e da perda de mestres, seguem resistindo como guardiões de um Brasil profundo.

A Folia, para ela, não é apenas objeto de estudo: é vivência, é elo comunitário, é milagre que insiste em acontecer. Sua escrita evidencia isso, como nos livros:

Folia de Reis em São Gonçalo: Irmandade e Patrimônio (2011; 2ª ed. em 2018)
Neste título, a autora mergulha nas raízes da folia gonçalense, resgatando memórias de mestres, rituais e saberes populares. O livro é estruturado em oito capítulos que combinam ensaios analíticos com linguagem poética e fluidez narrativa, além de belas ilustrações. Trata-se de um trabalho essencial para quem deseja compreender a cultura popular como patrimônio vivo e resistência identitária.

Folias de Reis e o Milagre das suas Bandeiras (2024)
Resultado de anos de pesquisa em cinco municípios da Região Metropolitana do RJ, a obra apresenta depoimentos e histórias de milagres atribuídos às bandeiras das Folias. Verônica constrói um relato emocionante e fundamentado, reafirmando a importância simbólica, espiritual e comunitária desses grupos.

Reconhecimento, articulação e militância cultural

Membro da IOV-Brasil (International Organization of Folk Art) e da Comissão Fluminense de Folclore, Verônica Inaciola é referência quando o tema é cultura popular no Sudeste brasileiro. Seu ativismo se concretiza não apenas nos livros e salas de aula, mas também em ações de articulação junto a coletivos culturais, rodas de saberes e encontros de mestres e mestras da tradição oral.

Sua escrita, como aponta o prefácio do professor Rui Aniceto, é ao mesmo tempo científica e amorosa — capaz de traduzir em palavras o que tantas vezes só é possível sentir com o corpo e o espírito. A autora escreve com a escuta de quem convive, com a coragem de quem luta e com a ternura de quem acredita que cultura é direito — e que, mais do que isso, é um milagre cotidiano que precisa ser cuidado, vivido e registrado.

Para adquirir os livros ou agendar palestras e formações, entre em contato:
veronica.inaciola@vintagecultura.com.br
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