Em 2025, Levi da Silva, mais conhecido no meio artístico e literário como Levi Alucinação, celebra cinco décadas de intensa contribuição à cultura brasileira. Poeta, artista plástico, romancista, trovador, agitador cultural, antologista e divulgador de talentos, Levi é um nome fundamental para entender o pulsar artístico de São Gonçalo (RJ) e seu entorno nas últimas gerações.

Nascido em maio de 1954, no bairro Jardim Alcântara, Levi iniciou sua jornada em 1975 como membro do Centro de Estudos Brasil-África (CEBA), movimento que já sinalizava seu compromisso com o pensamento crítico, as expressões afro-brasileiras e as lutas por representatividade e cultura. A partir dali, sua trajetória se ramificaria em diferentes linguagens, sempre mantendo o mesmo propósito: usar a arte como forma de resistência, libertação e beleza.
O artista plástico que virou verbo
Antes de ser reconhecido como escritor, Levi Alucinação já deixava sua marca com as cores e as formas. Entre 1977 e os anos 1990, participou de 32 exposições de artes plásticas, entre individuais e coletivas, em espaços de prestígio como:
- Museu de Arte Moderna do RJ (MAM-RJ)
- Aliança Francesa do Rio de Janeiro
- Casa da Cultura de São João Del Rei e Prados (MG)
- Sociedade Cultural de Belas Artes (RJ)
Sua obra visual era marcada por abstrações poéticas, cenas de cotidiano urbano, rostos diluídos em cor e protesto, além de forte influência das heranças africanas e da arte popular brasileira. Foi nessa fase que adotou o nome “Levi Alucinação”, como uma espécie de manifesto sobre a liberdade criativa e a necessidade de alucinar outros mundos possíveis.
A palavra como militância
Se a pintura lhe deu forma, foi a poesia que lhe deu voz. Embora escreva desde a adolescência, Levi só passou a divulgar seus textos literários a partir de 1981. Um ano depois, em 1982, fundou a Sociedade Cultural Poetas Alucinantes, um coletivo literário que marcou época e ajudou a formar uma geração de escritores e leitores na região.
Em 1997, fundou com os poetas Marília Machado e José Terra o Grupo de Arte, Resistência e Informações Poéticas, reafirmando sua crença na literatura como ferramenta de mobilização, identidade e liberdade. Desde então, tem sido um dos mais ativos organizadores de festivais, saraus e antologias do estado do Rio de Janeiro.
Seu histórico como agitador cultural inclui:
- Festival Nacional de Poesias Poetas Alucinantes, iniciado em 1988, no auditório da Igreja São Pedro de Alcântara, com mais de duas décadas de realização ininterrupta;
- Festival de Música de São Gonçalo (1992), no lendário Red Rock;
- Eventos literários em escolas como CIEP Pablo Neruda, Colégio Dom Helder, Salão Placar, entre outros espaços comunitários e educativos;
- Edições do Jogo Floral de São Gonçalo, como presidente da UBT – União Brasileira de Trovadores – Seção SG, nos anos de 2015 e 2016.
Um autor múltiplo e incansável
Como escritor, Levi Alucinação já publicou 11 romances, com narrativas que transitam entre o realismo político, o existencialismo urbano e a poesia narrativa. Também organizou 8 antologias e participou como convidado em pelo menos cinco coletâneas poéticas, dando visibilidade a novos talentos e fortalecendo a cena literária independente.
Sua atuação o levou a ocupar importantes espaços culturais e literários:
- Diretoria da UBT – Seção São Gonçalo
- Membro da Academia Gonçalense de Letras, Artes e Ciências (AGLAC)
Em 2007, recebeu o título de Comendador da Cultura, conferido pela Câmara Municipal da Serra (ES), por indicação do vereador João de Deus Corrêa — um reconhecimento à sua longa trajetória em defesa das artes e da cultura popular brasileira.
50 anos de arte em nome da liberdade
Em 2025, Levi celebra seus 50 anos de carreira artística com o mesmo espírito que o moveu em 1975: a crença na arte como instrumento de transformação e liberdade. Sua atuação, ao longo das décadas, construiu uma história coletiva, onde arte e política, palavra e ação, resistência e beleza caminham juntas.
Levi Alucinação é um operário da cultura, desses que plantam sementes poéticas onde antes havia concreto, que transformam silêncio em voz, e esquecimento em memória.
Obra publicada:
• 11 romances autorais
• 8 antologias organizadas
• 5 coletâneas como autor convidado
Reconhecimentos:
• Título de Comendador da Cultura (Câmara Municipal da Serra/ES)
• Presidência da UBT-SG (2015–2016)
• Membro da AGLAC – Academia Gonçalense de Letras
Projetos marcantes:
• Festival Nacional de Poesias Poetas Alucinantes (1988–2010)
• Sociedade Cultural Poetas Alucinantes (fundada em 1982)
• Grupo de Arte, Resistência e Informações Poéticas (1997)
• Exposições em espaços de destaque no RJ e MG


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