A infância de Glaucia Lewicki, nascida em Niterói, em uma sexta-feira 13 de fevereiro de 1970, foi recheada de livros, histórias inventadas e muita curiosidade. Vinda de uma família de educadores, aprendeu desde cedo o valor do conhecimento, da escuta e da palavra escrita como instrumento de formação humana e sensível. Aos poucos, o hábito de inventar enredos e personagens deixou de ser apenas uma brincadeira e se transformou em um caminho profissional, afetivo e transformador. Uma estrada literária que, com o passar dos anos, se desdobraria em dezenas de obras adotadas em escolas por todo o Brasil e reconhecidas por importantes instituições nacionais e internacionais.

Formada em Comunicação Social pela PUC-RJ, Glaucia complementou sua trajetória acadêmica com especializações em áreas que demonstram sua inquietação intelectual e diversidade de interesses: Comunicação e Imagem, Administração Escolar, Orientação Educacional, História Econômica, Social e Política do Brasil, além de Literatura Infantil e Juvenil. Essa sólida formação contribui para o estilo multifacetado que marca sua produção — uma literatura que une riqueza informativa, enredos inventivos e uma voz narrativa acessível, afetiva e inteligente.
Atualmente, Glaucia integra a direção de uma escola e atua na coordenação das áreas de História e Geografia, o que a mantém em diálogo constante com as novas gerações — não só como escritora, mas como educadora. E é justamente nesse cruzamento entre pedagogia, pesquisa e ficção que sua obra se fortalece.
Uma autora que ensina e encanta
A carreira literária de Glaucia teve início em 2003 com o lançamento de Coelhos na Cartola, um livro infantil publicado pela Franco Editora. A obra já apresentava algumas marcas que seriam constantes em sua produção: personagens fortes, tramas envolventes e o uso delicado da fantasia como metáfora para lidar com questões do cotidiano.
Seu grande reconhecimento nacional veio com o livro Era mais uma vez outra vez, vencedor do Prêmio Barco a Vapor 2006, publicado pela Edições SM em 2007. O livro narra a história de um livro esquecido que, ao ser redescoberto por uma menina, se vê transformado: o rei sumiu, a princesa não quer mais seguir o roteiro, o dragão é um novo herói. A partir disso, inicia-se uma narrativa metalinguística e divertida, que trata da força da leitura e da liberdade da imaginação.
A obra foi considerada Altamente Recomendável pela FNLIJ, integrando o catálogo da Feira de Bolonha em 2008, e posteriormente adaptada para o teatro. Desde seu lançamento, Era mais uma vez outra vez já foi reimpresso mais de 30 vezes, sendo lido em todo o país, em escolas públicas e privadas.
Uma produção literária em constante expansão
Ao longo de duas décadas, Glaucia publicou mais de 30 títulos, consolidando-se como uma das autoras mais prolíficas e respeitadas da literatura infantojuvenil brasileira. Seu catálogo é diverso, transitando entre a ficção histórica, a fantasia, o suspense leve e a poesia cotidiana. Com frequência, seus livros envolvem cenários brasileiros, museus, passagens da história do país, aventuras com crianças e adolescentes, e sempre trazem uma valorização do conhecimento como elemento central da narrativa.
Entre os títulos de destaque estão:
- Pedro e o Portal (Editora Escarlate | Grupo Companhia das Letras), aprovado no PNLD 2024, é uma ficção histórica juvenil que combina viagem no tempo, fatos reais e crítica social, com Pedro I e seu irmão atravessando um portal que os leva de 1810 para o Museu Nacional em 2018, momentos antes do incêndio.
- Clara Jones e a Pérola Perdida (Edebê), finalista do Prêmio Barco a Vapor 2017, é uma aventura cheia de enigmas e descobertas protagonizada por uma menina corajosa.
- A Liga dos Dragões Extraordinários (Editora Dimensão), parte do PNLD 2018, apresenta um universo de fantasia e ação com um elenco inusitado e uma mensagem de empatia e coragem.
Outros títulos como O Mistério da Conspiração Esquecida, Paloma, O Enigma do Museu Mariano Procópio, A Fonte dos Desejos, Nos olhos de quem vê e Era uma vez no Brasil holandês reafirmam seu compromisso com a literatura como um instrumento de acesso à cultura, ao passado, à imaginação e ao pensamento crítico.
Seus livros já foram incluídos em diversos programas públicos de leitura, como:
- Minha Biblioteca (São Paulo)
- Secretarias de Educação de Fortaleza, Belo Horizonte, João Pessoa e Rio de Janeiro
- PNLD – Programa Nacional do Livro Didático
- Projetos de kits literários e acervos escolares em diversas cidades do país
Literatura como ponte
Cada obra de Glaucia Lewicki é resultado de uma pesquisa cuidadosa e do desejo de fazer pontes entre o passado e o presente, entre o conhecimento e o encantamento. Seus livros já abordaram desde o funcionamento de museus, passando pela colonização holandesa no Brasil, até temas filosóficos como o amor, o tempo e o poder da escolha.
Por trás de sua escrita está sempre a escuta ativa do leitor — seja ele criança, adolescente, professor ou mediador. Glaucia acredita na formação de leitores autônomos, críticos e sensíveis, e suas histórias são criadas para despertar esse movimento interior.
Em cada página, ela reafirma que a literatura não é apenas um conteúdo escolar, mas uma travessia, uma descoberta, um convite ao voo.


Deixe um comentário