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Edris Oliveira Vasconcellos: as histórias que queimam asfalto e memória

Na encantadora Rua Outono, em São Gonçalo (RJ), mora um escritor que conduz a literatura com o mesmo entusiasmo com que pilota uma motocicleta: com intensidade, coragem e desejo de chegar mais longe. Edris Oliveira Vasconcellos é um homem movido por histórias. Autodenominado “contador de histórias”, ele tem transformado suas experiências, paixões e observações em romances que refletem a alma das ruas, dos bairros e da gente gonçalense.

Com uma escrita que transita entre o real e o ficcional, entre o drama e a ação, Edris já publicou três romances: O Anjo Sem Asas, Felipe Daudt – Armadilhas da Mente e, mais recentemente, MotoClube Proibido. Em comum, essas obras trazem personagens complexos, tramas instigantes e cenários absolutamente brasileiros. Mas o que realmente diferencia sua literatura é o modo como ele transforma São Gonçalo e seus arredores em pano de fundo para histórias universais, onde o amor, o sofrimento, a espiritualidade, a violência e a luta por liberdade se entrelaçam.

UMA LITERATURA QUE PULSA COMO MOTOR

Sua mais nova obra, MotoClube Proibido, nasceu do desejo de mergulhar ainda mais fundo no universo dos motociclistas. Ambientado, como os anteriores, nas ruas de São Gonçalo, o romance retrata uma cidade em convulsão após a morte do jovem Natan, filho do prefeito. O principal suspeito do crime é Black, membro de um motoclube local. A partir desse ponto de partida, inicia-se uma narrativa eletrizante que envolve a perseguição do Estado, o levante dos motociclistas e a indignação de uma cidade em ebulição.

O livro denuncia a corrupção sistêmica, o autoritarismo político e a violência urbana que marcam o Brasil contemporâneo, mas também oferece espaço para histórias de amor, lealdade, irmandade e fé. MotoClube Proibido é uma crítica social em alta velocidade, embalada pelo ronco dos motores e guiada por personagens que vivem no limite. É também a prova definitiva da maturidade literária de Edris, que retoma figuras de seu romance anterior para costurar uma trama coesa, vibrante e profundamente emocional.

FELIPE DAUDT: O PERSONAGEM QUE VIROU SÍMBOLO

Com o sucesso de Felipe Daudt – Armadilhas da Mente, publicado oito anos antes, Edris conquistou o coração de muitos leitores. O livro conta a história de um terapeuta e motociclista que, além de lidar com os traumas de seus pacientes, precisa provar sua inocência após ser acusado injustamente. Para isso, ele precisa enfrentar seus próprios temores e vencer os jogos mentais que o aprisionam.

A narrativa se destaca por unir suspense, drama psicológico e ambientação urbana com maestria. Segundo a pesquisadora Vania L. R. Dutra, autora do prefácio do livro, a obra “traz à luz a cidade de São Gonçalo”, resgatando espaços e trajetos pouco retratados na literatura. Mais do que apenas um cenário, a cidade ganha força simbólica e emocional, tornando-se parte essencial da história.

SÃO GONÇALO: PERSONAGEM VIVA E ATUANTE

Diferentemente de autores que buscam cenários distantes, Edris escolhe falar sobre o lugar onde nasceu, cresceu e vive até hoje com sua família. Suas histórias percorrem ruas reais, bares de esquina, estradas que de fato existem. Ao fazer isso, ele não apenas aproxima o leitor da trama, mas também cria um documento afetivo e literário da cidade de São Gonçalo. Seus livros funcionam como um espelho para quem vive ali, mas também como uma janela para quem deseja compreender melhor a complexidade do Brasil periférico e urbano.

Essa opção estética e política por ambientar seus livros na realidade local confere autenticidade à sua obra. Suas narrativas não são fabricadas para agradar o mercado — são orgânicas, intensas, movidas por vivências verdadeiras e por uma imaginação sem amarras.

MÚSICA, FAMÍLIA E MOTOS: OUTROS COMBUSTÍVEIS

Além da literatura, Edris é apaixonado por música. É autor de diversas canções disponíveis nas plataformas digitais, sendo “Carburador e Coração” uma de suas mais conhecidas. Sua playlist no Spotify — Edris Músicas Autorais — é um desdobramento artístico de seu universo literário. Assim como nos livros, suas músicas falam de amor, liberdade, luta e identidade.

Casado com Fabiana Borges de Andrade Vasconcellos, pai de Eric e Caio, Edris encontra na família um porto seguro. Sua vida pessoal, longe dos holofotes, é pautada pela simplicidade, pelo trabalho constante e pelo orgulho de suas raízes. O motoclubismo, além de estilo de vida, também funciona como fonte constante de inspiração — seja nas amizades, nas viagens ou nas histórias compartilhadas nos encontros sobre duas rodas.

ESCREVER PARA EXISTIR E PERTENCER

A escrita de Edris Vasconcellos é, antes de tudo, um ato de pertencimento. Seus romances não apenas contam histórias — eles reivindicam espaço, memória e voz. Ao dar protagonismo a personagens de sua cidade, ao retratar dilemas sociais reais, e ao misturar ficção com crítica, o autor reafirma a importância de escrever sobre o que se vive, com coragem, afeto e consciência.

Com MotoClube Proibido, Edris consolida sua posição como um dos escritores contemporâneos mais representativos da Baixada Fluminense e do estado do Rio de Janeiro. É impossível sair ileso de suas histórias: seus livros nos fazem refletir, acelerar o coração e, sobretudo, olhar com mais atenção para as ruas, os rostos e os sonhos que nos cercam.

Contato com o autor: (21) 96409-2865
Músicas autorais: Playlist no Spotify – “Edris Músicas Autorais”
Livros disponíveis em livrarias locais e em eventos literários no Rio de Janeiro e região metropolitana.


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Criada em 2020 pelo professor e poeta Renato Cardoso, a Revista Entre Poetas & Poesias é um periódico digital dedicado à valorização da literatura e da arte em suas múltiplas expressões. Mais que uma revista, é um espaço de conexão entre leitores e autores, entre a sensibilidade poética e a reflexão cotidiana.

Registrada sob o ISSN 2764-2402, a revista é totalmente eletrônica e acessível, com publicações regulares que abrangem poesia escrita e falada, crônicas, ensaios, entrevistas, ilustrações e outras formas de expressão artística. Seu objetivo é tornar a arte acessível, difundindo-a por todo o Brasil e além de suas fronteiras.

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