Professora, escritora e poeta, Cleia Nascimento é uma voz potente e sensível da literatura contemporânea produzida em São Gonçalo (RJ). Com uma escrita que une lirismo, crítica social e afetividade, ela vem se destacando em projetos literários e educativos que fazem da palavra um ato de resistência e transformação.

Formada em Letras – Português e Espanhol pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Cleia atua como professora nas redes estadual e municipal do Rio de Janeiro, e carrega consigo a certeza de que educar é, também, escrever o mundo com outros olhos. É colunista da revista Entre Poetas e Poesias, e integra o coletivo de autoras Escritoras Vivas, grupo que fomenta a produção literária feminina na cidade e amplia o alcance da literatura feita por mulheres periféricas, mães, educadoras e artistas da palavra.
Cleia também é mãe coruja de Carlos Henrique (19 anos), capista e ilustrador de seus livros, e de Guilherme (10 anos), fonte inesgotável de inspiração para sua literatura infantil.
Literatura com propósito
Sua escrita se articula entre o verso livre, o engajamento social e a sensibilidade da maternidade, como mostram seus dois livros publicados: o infantil Mamãe, brinca comigo? e a coletânea poética Impressões em versos.
Mamãe, brinca comigo?
Voltado para a primeira infância, o livro narra a história de Bonequinho, um menino de cinco anos que, apesar de viver cercado de amor, sente falta da mãe nas brincadeiras do dia a dia. Envolta nas rotinas do trabalho e da casa, a mãe enfrenta dificuldades em dedicar tempo ao brincar — algo que Bonequinho percebe com lucidez e sensibilidade.
A narrativa é marcada por reflexões delicadas sobre os afetos, os limites do tempo e as escolhas da vida adulta, tocando tanto as crianças quanto os adultos que cuidam delas. Uma obra que acolhe, provoca empatia e convida mães, pais, cuidadores e professores a reavaliarem o valor da presença no desenvolvimento infantil.
Impressões em versos
Nascido durante o período da pandemia de Covid-19, o livro reúne poemas que foram escritos como respiro e catarse, em meio ao isolamento, ao medo e às dores coletivas vividas pelo país. Mas não é apenas um diário poético: Cleia vai além, refletindo com profundidade sobre o mundo contemporâneo, suas desigualdades, contradições e, ao mesmo tempo, seus momentos de beleza.
A obra se apropria da linguagem poética livre e expressa uma ética da sensibilidade feminina, comprometida com temas como empatia, cuidado, maternidade, esperança e reinvenção. Para a autora, a escrita — assim como a leitura — é um ato político e afetivo, capaz de curar, ensinar e transformar.
Mais que autora, formadora
Além de seus livros autorais, Cleia Nascimento é coautora em diversas antologias poéticas, nas quais reafirma sua presença como uma escritora engajada com seu tempo. Sua atuação também alcança escolas, projetos de leitura, rodas de conversa e eventos literários, nos quais participa com oficinas, leituras e formações para educadores.
Cleia escreve com o coração de quem escuta o outro e transforma em poesia o que o cotidiano silencia. Sua obra se destina a todos que acreditam no poder da palavra como instrumento de acolhimento e mudança.


Deixe um comentário