Coleccionadora de instantâneos, sendo todos provenientes de pessoais inúmeras diversas origens, guardando em recipientes amplos e vistosos, mas longe e muito de olhares eventualmente indiscretos, para mais tarde revisitar no sossego do aconchego que lhe é tão familiar. Nesses instantes do futuro ao ponto de sua partida, onde junta voraz coleccionismo desenfreado e sem qualquer critério organizado, tudo em montes aleatórios, mas dentro das caixas feitas recipientes de biblioteca, assim designa para si mesma, inicia periodicamente uma singular revisitação ao fundo de catálogo, como quem só diz, pelos instantâneos primeiramente guardados. Sabe bem que são todas demasiado superficiais, as acções resultantes das vontades próprias, talvez raras na sua zona residencial e que guarda para momentos recolhidos, envolvida nas curiosas artes, identificadas com essa tal subjectividade, o tão incansável relembrar dos pormenores mais recônditos da vida alheia. Em tempos não muito distantes, houve um vizinho que inteirou-se do que ali por cima de si acontecia, quando instantâneo casual deu queda aparatosa na sua varanda após forte ventania, surgindo pronta explicação do que se tratava, mas não dando particular relevância ao então sucedido. Mas quando outro coleccionável objecto se deu por real abjecto na idêntica varanda, então pensada na mente de coleccionadora, logo tratou de arranjar imponente escada para subir desde a rua, discretamente pela noite em busca de sua preciosidade, sem ter de entregar mais justificações para a sua actividade. E até conseguiu, triunfante em si própria, executar tamanha arriscada tarefa sem aparentes olhares reprovadores. Quando entrou no edifício com utensílio recolhido, um suposto escadote debaixo do braço e subiu ao patamar de acolhimento é que reparou no seu vizinho em espera, pronto a entregar-lhe outro pequeno instantâneo, caído antes por adicional varanda e com sugestão de ir ver intrigante colecção pela íntegra naquele preciso instante.
Luís Amorim, natural de Oeiras, Portugal, escreve poesia e prosa desde 2005. Tem já escritas cerca de 3400 histórias com 118 livros de ficção publicados, entre os quais, um primeiro em inglês, “Cinema I”, onde responde por 28 heterónimos (em prosa e poesia). Dos livros em prosa, constam vinte e oito da série “Contos”, “Terra Ausente”, “A Chegada do Papa” e dois livros de “Pensamentos”. Na poesia, igualmente diversas séries de livros têm alguns volumes, como “Mulheres”, “Tele-visões”, “Almas”, “Sombras”, “Sonhos”, “Fantasias”, “Senhoras” e o herói juvenil “Esquilo-branco”. Todos estas obras de poesia citadas, integram os designados contos poéticos, assim identificados pelo autor, aos quais se acrescentam “Lendas”, “Campeões”, “Músicas”, “Turismo”, “Palavras”, “Flores”, “27 Flores”, “Todas as Flores” e mais outros sete do universo “Flores”, onde este elemento surge em todos os enredos, como por exemplo “A ceia do bispo e outros contos poéticos”. A escrita também foi posta em narrativas poéticas, “Beatriz” (inspirada na personagem de “A Divina Comédia” de Dante Alighieri), “Paz”, “O Viajante”, “O Sino”, “A Sereia” e “O Mapa”, este com 3016 versos. Ainda a registar em poesia, “Refrões”, “Sonetos”, “Trovas” e quatro volumes de “Canções”. Dois livros foram publicados segunda vez, então com ilustrações de Paulo Pinto (“Almas”) e Liliana Maia (“Fantasias”). Tem ainda 11 livros de Crónicas e Biografias (incluindo 1 “Tempos de Oeiras”), 33 de Desporto, 1 de Art, 3 de Photos e 4 de Fotografia. Luís Amorim foi seleccionado por 473 vezes com contos, poemas e outros textos em concursos literários para antologias em livros, revistas e jornais em Portugal, Brasil, Suíça, Colômbia, EUA, Inglaterra e Bangladesh. É colunista da revista “Entre Poetas & Poesias” a partir de 2022 e integrante desde 2021 do Coletivo “Maldohorror”, onde histórias suas são publicadas em ambos os sítios, com regularidade. Desde Junho de 2024, escreve, edita e faz a revisão no jornal “A Voz de Paço de Arcos”, do qual também é o responsável pelo arquivo.
Sobre
Criada em 2020 pelo professor e poeta Renato Cardoso, a Revista Entre Poetas & Poesias é um periódico digital dedicado à valorização da literatura e da arte em suas múltiplas expressões. Mais que uma revista, é um espaço de conexão entre leitores e autores, entre a sensibilidade poética e a reflexão cotidiana.
Registrada sob o ISSN 2764-2402, a revista é totalmente eletrônica e acessível, com publicações regulares que abrangem poesia escrita e falada, crônicas, ensaios, entrevistas, ilustrações e outras formas de expressão artística. Seu objetivo é tornar a arte acessível, difundindo-a por todo o Brasil e além de suas fronteiras.
Com uma equipe formada por escritores de diferentes idades e áreas do conhecimento, buscamos sempre oferecer conteúdo de qualidade, promovendo o diálogo entre gerações e perspectivas diversas.
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