A literatura é uma forma de expressão artística que carrega consigo a condição humana. Por essa condição, entendem-se os dramas do ser humano em relação ao mundo que o cerca. Essa forma de expressão é como um espelho de uma determinada sociedade, refletindo seus valores, crenças e sua moral. Bom exemplo disso é visto na literatura brasileira, em Machado de Assis e seus contos “Teoria do Medalhão” e “O Segredo do Bonzo”.
Em primeiro lugar, urge mencionar que em “Teoria do Medalhão”, o autor fluminense constrói a narrativa por meio de um diálogo entre um pai e seu filho que completou a maioridade. Aquele dá conselhos a este, dizendo para ser “medalhão”, ou seja, demonstrar virtudes, todavia sem tê-las. Claramente, Machado de Assis se refere a um vício cultural brasileiro. Esse defeito na cultura é enraizado, pois, como no conto, é perpassado de geração em geração, o que perpetua o problema apresentado pelo escritor.
Já em “O Segredo do Bonzo”, Machado de Assis demonstra, por intermédio de uma personagem que narra uma aventura em uma terra desconhecida e volta com uma revelação transformadora, como as pessoas se deixam levar pelo discurso de um bom orador, mesmo sendo falso o que ele diz. Evidencia, dessa forma, como a aparência e a autopromoção se sobrepõem à essência do indivíduo. Isso é evidente, por exemplo, em propagandas políticas, em que os candidatos e governantes, por meio de uma oratória, persuadem o povo com discursos vazios e promessas não cumpridas.
Portanto, é evidente que a literatura, como a brasileira, reflete os costumes, a moral, os valores e as crenças de um povo. Machado de Assis demonstra isso de forma clara e com fina ironia. Logo, torna-se imprescindível que a população consuma mais literatura nacional, com o objetivo de enxergar os próprios vícios e, finalmente, alterá-los por intermédio da educação. Somente assim, por meio da leitura, é que se vê os próprios defeitos, pois, de acordo com o professor Pierluigi Piazzi, quem não lê permanece preso à ignorância.


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