Cabeças de flores líricas, impetuosas, vociferando
aos poucos, como um molusco a transcorrer eternidade.
Cabeças anímicas, florescimento tangente,
especulação universal;
assim como a terra cobre o chão; assim como
o mar cobre o horizonte de loucura;
assim como meu peito arde concomitante à esperança,
o som aturde o momento.
Dilúvio de prata, redemoinhos de areias feita ouro;
a caneca pousada sobre a leve ira das alucinações.
Um grande imã festejando a aurora,
sugando toda a costa metálica do oceano.
Implementando uma razão nos botões do corpo fendido,
a noite carrega volúpias para dentro do absurdo.
E eucaliptos cerram as paredes e o granizo;
e a garoa fina finge uivar atrás do pensamento;
e os olhos fechados; e a pomba-gira em
um tornado de areia; e o impulso secreto das árvores;
mas, principalmente, a fúria das cabeças de flores,
que rezam hortaliças para fora da inconclusiva
metade de uma laranja seca.
Porque os parvos se deleitam da ignorância
como um barco flutuando, como palavras fluindo.
Porque eu sou tudo isso e nada mais além;
tudo isso e nada mais aquém; tudo isso em somente
um segundo: transfigurando alegorias, enchendo os mares
de relva e tecendo o orvalho de espelhos.
A cabeça na foraclusão, a cabeça violentada pelo vento:
redemoinhos vertebrados de sangue aquático,
pragmático:
como cabeças de flores líricas impetuosas:
vociferando,
a sós.


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