Fugiram-me As Letras
E agora?
Fugiram-me as letras
Já não sei escrever?
Na mente já não há livretas
e da poesia o que há de ser
se todo poeta passar por tal treta?
A poesia?
Ai ai, pobre poeta soberbo
ela não se cria, não se faz
surge, vive, sem letra e sem medo
nasce com o homem, sem voz e fugaz
misturando-se às histórias e aos zelos.
Será que não entendes?
Ela transcende a prosopopeia
faz de si seu próprio palíndromo
tu não a crias por tuas ideias
mas é ela quem dita o rumo
neste vicioso círculo tu te julgas amo
quando és tu quem precisas dela.
Ah! Ingênuo poeta…
T. Cardoso


Deixe um comentário