É indiscutível que estamos vivendo a era da velocidade: e se por um lado podemos destacar os efeitos positivos dos avanços tecnológicos e da praticidade disso para os relacionamentos, por outro lado, infelizmente, observamos os prejuízos desse ritmo acelerado que vem acompanhado por mensagens instantâneas, encontros rápidos, relações marcadas por urgências e com curto prazo de validade. Como disse o Filósofo Zygmunt Bauman vivemos tempos de relacionamentos líquidos e  nesse cenário é fácil esquecer o quanto a fase da conquista é essencial para a construção de algo saudável e duradouro. Mais do que um período inicial, a conquista deve ser vista como uma prática contínua, um exercício diário de cuidado e atenção.

É importante resgatar o delicioso período da conquista de um relacionamento começando no olhar curioso, no frio na barriga que antecede um encontro, no planejamento pensado com cuidado para surpreender o outro, na troca de presentes, de carinho e tantos outros mimos que uma boa criatividade pode acrescentar ao romance. São detalhes aparentemente simples, mas que têm o poder de fortalecer laços de maneira profunda. Mandar uma mensagem inesperada, preparar o prato preferido, lembrar uma data significativa ou simplesmente ouvir com presença. Tudo isso pode comunicar amor de maneira muito potente.

O Psicólogo John Gottman, referência mundial em estudos sobre relacionamentos, reforça essa visão ao afirmar que pequenas coisas, feitas frequentemente, são o que mantêm um relacionamento forte. Esse entendimento nos lembra, inclusive, que não são os grandes momentos que sustentam um casal, ao longo do tempo, mas sim os cuidados diários e a dedicação constante. O amor, quando não alimentado, entra em uma zona de conforto que, com o tempo, pode levar ao distanciamento emocional. Por isso, é importante não deixar que a rotina engula aquilo que um dia foi mágico. É justamente nos momentos mais comuns que a conquista se mostra essencial: fazer do cotidiano algo especial é uma arte que requer intencionalidade e sensibilidade.

Outro aspecto fundamental é entender que cada fase do relacionamento pede um tipo diferente de conquista. No início, há o encanto da novidade; com o passar dos anos, o desafio se torna reinventar esse encanto, adaptando-o às novas versões de nós mesmos e do outro. Crescemos, mudamos, e, com isso, os relacionamentos também precisam se ajustar. Manter o diálogo aberto sobre desejos, planos e sonhos é uma forma potente de continuar conquistando a pessoa amada, mesmo depois de muito tempo juntos.

Cuidar de um relacionamento é investir no que há de mais precioso: a conexão emocional. E, para isso, os detalhes importam – e muito. São eles que constroem a memória afetiva do casal, que sustentam os momentos difíceis e que fazem com que a relação se mantenha viva e pulsante. A conquista, portanto, não deve ser vista como uma fase passageira, mas como uma postura permanente diante do amor. Que possamos valorizar mais essa arte de conquistar todos os dias, com gestos simples, mas cheios de significado. Porque, no fim das contas, é isso que mantém um relacionamento forte: a vontade de continuar escolhendo e encantando o outro, dia após dia.

(Esse texto é da minha própria autoria- Luiza Moura de Souza Azevedo).

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