Ninguém vê quando o advogado desaba. Ninguém ouve o silêncio depois de uma audiência tensa, nem percebe o peso que carregamos quando uma decisão injusta chega, mesmo depois de todo o esforço técnico, toda a dedicação, todas as horas em claro. A advocacia é, muitas vezes, um cansaço invisível — emocional, físico e mental. Somos treinados para parecer fortes. Para dar respostas rápidas, seguras, equilibradas. Mesmo quando o cliente liga fora do horário, mesmo quando os prazos se acumulam, mesmo quando a vida pessoal pede socorro. O advogado não pode adoecer. Não pode demonstrar dúvida. Precisa estar pronto. Precisa estar impecável. Sempre!
Mas ninguém fala sobre a solidão que existe por trás dessa rotina. Sobre o desgaste emocional de ouvir histórias pesadas, conflitos familiares, tragédias e injustiças — todos os dias. E, mesmo assim, manter a postura firme, racional, estratégica. Como se não sentíssemos nada. Como se fôssemos de ferro. Cada vez que um juiz age com arbitrariedade, tentando impor suas convicções pessoais em vez de garantir o devido processo legal, um pedaço da advocacia morre. É nesse momento que o advogado, que confiou na técnica, na ética e na Justiça, sente o chão tremer. A luta é silenciosa, cotidiana, invisível. E exige uma mente firme para não desabar.
Poucos reconhecem o trabalho feito nos bastidores. Acham que é só protocolar uma petição. Acham que a consulta é “só uma conversa”. Acham que perdemos por incompetência e ganhamos por sorte. Mas não enxergam a dedicação. A luta por justiça, mesmo quando o sistema não colabora. Mesmo quando o fórum está fechado, quando a audiência atrasa, quando o juiz não fundamenta, quando o processo demora anos. Ser advogado é ser humano — mas muitas vezes não nos tratam assim. Cobram presença, resultado, posicionamento, elegância, paciência, empatia… mas esquecem que também temos limites. Que também temos contas, dores, famílias e noites mal dormidas.
Por isso, esse texto é um lembrete. A você, colega, que está cansado, mas segue. Que trabalha muito mais do que posta. Que defende com alma, mesmo quando não reconhecem. Você não está sozinho! E a quem não é da área: antes de julgar, ouça. Antes de reclamar, reconheça. Por trás da gravata, da beca ou do terno, existe um ser humano tentando sobreviver em um mundo que exige demais e entende de menos.
(Esse texto é de Marco Túlio Elias Alves. Advogado e professor, atual vice-presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB Aparecida de Goiânia.)
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