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Sina: O Cansaço de Quem Ama

Nem toda poesia nasce da esperança. Algumas nascem do cansaço. Da exaustão de quem já sentiu demais, esperou demais e, por fim, começa a desejar sentir menos. No poema Sina, presente no meu livro Rosa Apaixonada, mergulho neste lugar silencioso onde o amor ainda pulsa, mas começa a doer mais do que inspirar. Uma obra que revela não apenas uma história de ausência amorosa, mas a dor de um coração que pede para parar de sentir.

Sina

Triste sina me acolhe cá dentro,
Destas farsas que a vida nos prega,
Pois me encontro, apesar do silêncio,
Com o peito repleto de estrelas

Cintilando de amor pelas noites,
De mais um verão que recomeça;
Brilha o sol, que beleza! E meu noivo?
Nunca está. Em seu lugar há só tristeza;

Digo sem vacilar que ‘inda espero
Pelos tantos verões que virão
Até que este meu coração seque,

E não mais se dê a essas emoções,
E que as tristes sinas que me seguem
Vá pousar em outros corações…

O Perfil por Trás da Dor

O poema revela o padrão emocional do traço Orador (Traço Oral) — aquele que sente profundamente, que vive por meio das emoções, e que quando frustrado, carrega um peso quase insuportável.

Na primeira estrofe, vemos:

“Triste sina me acolhe cá dentro, / Destas farsas que a vida nos prega, / Pois me encontro, apesar do silêncio, / Com o peito repleto de estrelas”

Mesmo em meio à dor, o coração do Orador continua repleto de amor e fantasia. O peito cheio de estrelas revela o brilho da esperança que ainda teima em existir, mesmo diante da realidade que fere. A ausência do noivo, nas estrofes seguintes, simboliza o abandono, a não correspondência, a frustração do afeto — e isso fere profundamente quem sente demais.

A Resignação de um Coração Cansado

Mas a virada mais impactante aparece no último terceto:

“Até que este meu coração seque, / E não mais se dê a essas emoções”

Aqui há, sim, um desejo de anestesia emocional. O Orador, ferido, já não quer amar. Deseja parar de sentir para não se decepcionar mais. Isso é típico do Orador em dor: depois de sentir demais e não receber de volta, ele cansa. Não porque deixou de amar, mas porque amar virou sofrimento.

O poema traz ainda uma forma de consolo amarga: que essa “sina” vá pousar em outro coração. Como quem deseja paz, mas já perdeu a esperança de encontrá-la para si.

O Reflexo de Quem Escreve

Esse poema, como toda criação, também reflete quem sou. De acordo com o meu mapa de caracteres (ferramenta psicométrica da análise corporal), minha ordem de resposta é 47% sentir, 43% agir e 37% pensar. Sentir e agir estão altos, e pensar aparece de forma moderada. Isso faz com que a emoção venha primeiro — e a ação, mesmo que tardia, se manifeste como resposta ao que é vivido intensamente.

Sina é, portanto, um retrato de quem sente demais. De quem ama com o peito cheio de estrelas, mas aos poucos vai desejando que esse céu escureça, só para não precisar brilhar à toa.

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Eu sou Camila Lourenço Covre, especialista em desenvolvimento humano e linguagem comportamental. Acredito que a comunicação é a chave para decifrar a alma humana e construir conexões mais profundas. Se você se interessa por esses temas, acompanhe meu trabalho no Instagram: @camilaslourenco.


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Criada em 2020 pelo professor e poeta Renato Cardoso, a Revista Entre Poetas & Poesias é um periódico digital dedicado à valorização da literatura e da arte em suas múltiplas expressões. Mais que uma revista, é um espaço de conexão entre leitores e autores, entre a sensibilidade poética e a reflexão cotidiana.

Registrada sob o ISSN 2764-2402, a revista é totalmente eletrônica e acessível, com publicações regulares que abrangem poesia escrita e falada, crônicas, ensaios, entrevistas, ilustrações e outras formas de expressão artística. Seu objetivo é tornar a arte acessível, difundindo-a por todo o Brasil e além de suas fronteiras.

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