Vida Sobre Trilhos
É interessante como algumas coisas parecem importantes na infância, depois estas se transformam em lembranças a medida que crescemos, tornando-se em valiosos ensinamentos quando se chega à fase adulta, ou melhor à maturidade, nem sempre estas palavras andam lado a lado.
A vida na juventude é como um grande parque de diversões, e diante da jovialidade e anseio pelo novo traduzido em adrenalina, talvez a temida e grande montanha russa, a depender da perspectiva, traduza bem este sentimento. Somos capazes enquanto jovens de enfrentar filas e suportar o sol por longos períodos para sentir uma sensação que se esvai em minutos, porém, empolgados pela sensação e pelas pequenas histórias teríamos para contar, pequenas mesmo, não serei negligente virando as costas ao micro que nos formam no macro, mas de fato o que tínhamos após isto era muito pequeno, importante a nós no momento, mas sem efeito a longo prazo. A ânsia por algo que acelerasse fisicamente o nosso coração nos cegava a ponto de não percebermos que andávamos em círculos, onde o ponto de chegada era sempre o de partida, uma viagem sem paradas, uma história sem personagens além do ego, uma vida sem crescimento e sem propósito. Uma falsa locomotiva puxada por cabos, lançada ladeira abaixo, sem condutor e sem interação. Nossos olhos naturais nos enganam nos fazendo confundir as estruturas. Há trilhos sim, há uma cabine e seu assento, é possível ver o céu, mas é preciso trocar de veículo, saltar à um que nos forneça um fim a ser alcançado e por quê não paradas e estações que possam nos ensinar algo além e apesar de nós. Todos temos um ponto de partida, alguns partem conosco, estão lado a lado, mas seus pontos chegada podem não ser o mesmo, importante é o que deixam e o que levam. Uns descem e outros sobem, também deixam algo e de certo também levam ainda que seus pontos de chegada também não coincidam com os nossos. E nestes trilhos isso é comum, pessoas embarcam e pessoas desembarcam, cada um por seus motivos e propósitos, e nesta hora, vale olhar para si, não é egoísmo, menos ainda soberba, é olhar e saber que ainda não chegamos ao nosso propósito, precisamos prosseguir, há um fim a ser alcançado.
No fim, entendemos a necessidade de trocar altos e baixos que geram frios na barriga pela calmaria de uma linha ligeiramente reta com seu balanço quase sonífero, talvez seja essa a tal maturidade, buscar uma linha de chegada que não pode ser alcançada pela vista. Deixar de lançado ladeira abaixo e seguir em frente, e neste veículo uma diferença é primordial, ele não está à mercê das forças naturais, há uma força propulsora que o desloca, e principalmente, apesar da aparente calmaria da viagem há um condutor, e ainda que não o vejamos face a face, confiamos e cremos que ele nos guiará até nosso ponto de chegada, nosso propósito. A vida é pousada sobre trilhos, basta-nos escolher qual deles.
T. Carfdoso & Wagner Peixoto


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