Trabalho no mistério, investigando a pedido bem remunerado, despesas somadas à parte e tudo faz parte do jogo, o qual terei de saber como enfrentar e até mover-me ao melhor acordo com as jogadas de quem estiver presente no outro lado. À minha disposição, seguro que darei o trato confidencial, com ou sem diário, mas normalmente este não falta ao meu encontro para o investigar de preceito na íntegra pelas regras minhas. Vejo até ínfimo pormenor, plena envolvência, curiosa ou mais estranha vizinhança, ocasionais vultos movimentando-se à socapa ou apenas como estacionados, comparando eu, tudo aos relatórios existentes, para depois escavar lama que for útil e necessária, nem que tenha de colocar homens a fazer pronto desaterro na via pública, mesmo em frente ao prédio investigado, sempre com serviços esses devidamente sinalizados para aparentarem estar de acordo com a vigente lei. No avançar do mistério trabalhoso, imensas traições, quando deslealdades falam bem mais alto no arranjar de pronta desculpa que eu depressa faço por ter razão falada, à qual acontece muitas vezes, não poder fazer devido uso. Muito do que se descobre, ao posterior efeito, não poderei receber a justa glória de tão valoroso investigador, desconhecido para vasta multidão. No fim de cada dia, o que extraí em proveito que se veja? Pouco mais do que as tais despesas contadas pela outra mão, uma garrafa quase cheia e adicional jogo de mentiras. Hora de correr as escuras cortinas e relembrar as restantes que investiguei, onde tudo vi do que suspeitava, mas que tenho de guardar para mim nas dores pelo corpo inteiro, sobretudo olhos a precisarem enfim de merecido descanso.
Luís Amorim, natural de Oeiras, Portugal, escreve poesia e prosa desde 2005. Tem já escritas cerca de 3400 histórias com 118 livros de ficção publicados, entre os quais, um primeiro em inglês, “Cinema I”, onde responde por 28 heterónimos (em prosa e poesia). Dos livros em prosa, constam vinte e oito da série “Contos”, “Terra Ausente”, “A Chegada do Papa” e dois livros de “Pensamentos”. Na poesia, igualmente diversas séries de livros têm alguns volumes, como “Mulheres”, “Tele-visões”, “Almas”, “Sombras”, “Sonhos”, “Fantasias”, “Senhoras” e o herói juvenil “Esquilo-branco”. Todos estas obras de poesia citadas, integram os designados contos poéticos, assim identificados pelo autor, aos quais se acrescentam “Lendas”, “Campeões”, “Músicas”, “Turismo”, “Palavras”, “Flores”, “27 Flores”, “Todas as Flores” e mais outros sete do universo “Flores”, onde este elemento surge em todos os enredos, como por exemplo “A ceia do bispo e outros contos poéticos”. A escrita também foi posta em narrativas poéticas, “Beatriz” (inspirada na personagem de “A Divina Comédia” de Dante Alighieri), “Paz”, “O Viajante”, “O Sino”, “A Sereia” e “O Mapa”, este com 3016 versos. Ainda a registar em poesia, “Refrões”, “Sonetos”, “Trovas” e quatro volumes de “Canções”. Dois livros foram publicados segunda vez, então com ilustrações de Paulo Pinto (“Almas”) e Liliana Maia (“Fantasias”). Tem ainda 11 livros de Crónicas e Biografias (incluindo 1 “Tempos de Oeiras”), 33 de Desporto, 1 de Art, 3 de Photos e 4 de Fotografia. Luís Amorim foi seleccionado por 473 vezes com contos, poemas e outros textos em concursos literários para antologias em livros, revistas e jornais em Portugal, Brasil, Suíça, Colômbia, EUA, Inglaterra e Bangladesh. É colunista da revista “Entre Poetas & Poesias” a partir de 2022 e integrante desde 2021 do Coletivo “Maldohorror”, onde histórias suas são publicadas em ambos os sítios, com regularidade. Desde Junho de 2024, escreve, edita e faz a revisão no jornal “A Voz de Paço de Arcos”, do qual também é o responsável pelo arquivo.
Sobre
Criada em 2020 pelo professor e poeta Renato Cardoso, a Revista Entre Poetas & Poesias é um periódico digital dedicado à valorização da literatura e da arte em suas múltiplas expressões. Mais que uma revista, é um espaço de conexão entre leitores e autores, entre a sensibilidade poética e a reflexão cotidiana.
Registrada sob o ISSN 2764-2402, a revista é totalmente eletrônica e acessível, com publicações regulares que abrangem poesia escrita e falada, crônicas, ensaios, entrevistas, ilustrações e outras formas de expressão artística. Seu objetivo é tornar a arte acessível, difundindo-a por todo o Brasil e além de suas fronteiras.
Com uma equipe formada por escritores de diferentes idades e áreas do conhecimento, buscamos sempre oferecer conteúdo de qualidade, promovendo o diálogo entre gerações e perspectivas diversas.
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