Nem sempre criamos apenas com a razão. Às vezes, a arte e a vida pedem entrega, confiança e um olhar intuitivo para aquilo que surge no caminho. No poema Luz, presente no meu livro Rosa Apaixonada, explorei essa relação entre sentir e agir, entre seguir um chamado e, ao mesmo tempo, saber quando deixar ir. Esse poema reflete não apenas o processo criativo, mas também uma forma de viver.
Luz
Se o coração gritar,
Respira.
Se a vida faltar,
Inspira.
Se o homem suprimir,
Escreva.
Se as linhas se esconderem,
Reflita.
Se uma luz surgir,
Siga-a.
Se uma voz calar,
Agradeça, e
Se o verso se libertar,
Esqueça
A Força da Expressão Espontânea
O poema carrega uma cadência quase respiratória: “Se o coração gritar, respira. / Se a vida faltar, inspira.” Esse ritmo natural é característico do perfil Orador (Traço Oral), que busca expressar suas emoções de maneira intensa e envolvente. Para quem sente profundamente, escrever e se comunicar não são apenas atos conscientes, mas necessidades vitais.
A intuição também se faz presente nos versos: “Se uma luz surgir, siga-a.” Aqui, há um convite para confiar no que se sente, para não racionalizar demais e apenas seguir o fluxo do que a vida oferece. Essa entrega é uma marca do Orador, que sabe que nem tudo precisa ser explicado—algumas coisas precisam apenas ser vividas.
Reflexão e Estrutura: O Papel do Realizador
Embora o poema tenha essa fluidez típica do Orador, também há momentos que pedem pausa e análise: “Se as linhas se esconderem, reflita.” Esse verso sugere um momento de amadurecimento antes da ação, e aqui se manifesta o perfil Realizador (Traço Rígido). Enquanto o Orador se permite fluir, o Realizador busca estrutura, aprimoramento e disciplina.
O Realizador aparece também na forma como o poema conduz a superação: se algo falha, há sempre um próximo passo. Se o coração grita, respira. Se a vida pesa, inspira. Há um equilíbrio entre sentir e agir, entre expressar e aprimorar.
A Liberdade na Criação e na Vida
O encerramento do poema traz uma mensagem libertadora: “Se o verso se libertar, esqueça!” Esse trecho carrega o desapego do Orador, que não se prende ao controle absoluto sobre sua criação. A ideia de que algo pode ser sentido, vivido e depois deixado ir é essencial tanto na arte quanto na vida. Algumas palavras, como alguns momentos, não precisam ser segurados—devem apenas existir.
Conclusão: Deixar a Luz Guiar
Essa construção não é por acaso. De acordo com o meu mapa de caracteres (ferramenta psicométrica usada na análise corporal), minha ordem de resposta é 47% sentir, 43% agir e 37% pensar. Como sentir e agir estão altos, e pensar aparece de forma moderada, esse padrão naturalmente se reflete no poema. A fluidez da emoção vem primeiro, seguida da necessidade de ação, enquanto a racionalização aparece de forma mais sutil.
O poema Luz é um convite para confiar mais na intuição, mas também saber equilibrar essa entrega com momentos de reflexão. Ele expressa a intensidade do Orador, que sente e se comunica livremente, mas também a determinação do Realizador, que busca estruturar e aperfeiçoar aquilo que cria. No fim, sua mensagem é clara: se uma luz surgir, siga-a. Nem tudo precisa ser planejado; algumas coisas só precisam ser vividas.
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