Por Elias Antunes
Rabindranath Tagore, o gênio indiano, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1913, ficou muito conhecido no mundo inteiro como um excelente poeta místico. No Brasil não faltam pessoas entusiasmadas e admiradoras do poeta bengali.
Sua literatura e sua arte, todavia, não se resume à poesia. A despeito da qualidade indiscutível dos seus versos, também é músico, educador, escritor e romancista de alto nível.
Seu romance “Çaturanga”, publicado em 1916 até os dias atuais pode ser lido com muito prazer e gosto. Trata-se de uma história de transformação, busca, conversão e descoberta de um sentido para a vida.
Narrado por um personagem secundário, “Srivilás”, conta a história de seu amigo Satish, da sua criação pelo tio ateu e o fato de ser odiado por aqueles que o rodeiam, o amor humano e a rejeição do amor carnal por Damini, a mulher bela e forte da narrativa, sua submissão a um guru e a busca da solidão, tudo para ter um encontro com a divindade e a realizar a superação completa.
No oriente, principalmente em países como a Índia, há mais essa tradição do encontro com o divino, com o sagrado, interiorizando esse encontro.
O romance, sem embargo, consegue transmitir esse sentimento da conversão verdadeira, do encontro do homem com Deus dentro de si mesmo.
Tagore, festejado poeta indiano, mostra outras de suas extraordinárias qualidades artísticas: construir um romance atemporal, cheio de buscas internas e externas desse universo eivado de ilusões.
O personagem-narrador sente, mesmo no seu relacionamento com Damini que ele é secundário e a procura de Satish é muito mais profunda e complexa de que sua vida.
Ler esse romance de Tagore consiste na melhor forma de compreender a qualidade de sua obra em prosa.
Fonte da imagem: Foto do autor.


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