Nem toda inspiração chega fácil. Escrever poesia nem sempre é um ato impulsivo; muitas vezes, exige técnica, paciência e refinamento. No poema Versos Mudos, presente no meu livro Rosa Apaixonada, essa realidade se manifesta com clareza: a tristeza flui naturalmente na criação poética, enquanto a alegria demanda mais tempo e trabalho para se transformar em arte.
Versos Mudos
O enredo é triste, mas o canto é nobre,
Minha ternura é feita da tristeza,
Essa matiz que confere nobreza
A todo ritmo dos versos simplórios
Se a alegria me convida a compor,
Logo aparelho meu arsenal de sonhos,
Então rabisco alguns versos estranhos,
Que tão mais belos ficam com a dor!
Guardo a ideia. Esperar é preciso;
A alegria pura não dá samba,
São fetiches compostos quando incisos.
Risos são artigos para versos mudos;
Se posso mirá-los por outros ângulos:
Vibram contente meus poemas prontos!
A Beleza na Construção da Emoção
O personagem desse poema reflete sobre sua relação com a escrita, percebendo que a tristeza inspira de forma mais fluida: “Minha ternura é feita da tristeza”. Já a alegria, por outro lado, precisa ser organizada, lapidada e estruturada antes de se tornar um verso realmente expressivo: “A alegria pura não dá samba”. Essa relação entre emoção e criação remete fortemente ao perfil Realizador (Traço Rígido), que busca controle e refinamento antes de expor algo ao mundo.
O poema sugere que a emoção não pode ser apenas despejada no papel. Ela precisa ser moldada, analisada e transformada até atingir um nível de excelência. “Guardo a ideia. Esperar é preciso.” Essa espera não é apenas paciência, mas um processo consciente de aprimoramento da escrita e da mensagem que deseja transmitir.
Criar Nem Sempre É Instintivo
O perfil Realizador carrega uma exigência interna: fazer algo bem-feito é mais importante do que fazer algo rápido. No poema, essa característica se reflete na maneira como a alegria é tratada. Diferente da tristeza, que já carrega profundidade emocional por si só, a alegria precisa ser trabalhada para que sua essência não se perca na superficialidade.
Esse aspecto vai além da poesia e pode ser visto em diversas áreas da vida. Muitas vezes, quem tem o traço Realizador sente que as coisas só têm valor se forem conquistadas com esforço e dedicação. O prazer imediato pode parecer incompleto ou até descartável. No poema, essa visão se traduz na necessidade de estruturar a alegria antes que ela se torne uma expressão legítima na escrita.
O Que Esse Poema Nos Ensina Sobre Expressão e Autoconhecimento?
Nem todo mundo sente e expressa da mesma forma. Algumas pessoas lidam com a vida de maneira espontânea, outras precisam organizar cada pensamento antes de se expor. Versos Mudos nos convida a refletir sobre como tratamos nossas próprias emoções e processos criativos. Será que conseguimos nos permitir sentir a alegria sem precisar controlá-la? Ou será que, como o Realizador, só confiamos naquilo que foi moldado com esforço?
Se você gosta desse tipo de análise e quer entender mais sobre como a comunicação e os traços de personalidade influenciam nossas expressões, inscreva-se na revista Entre Poetas e Poesias e receba os artigos diretamente no seu e-mail! 📩


Deixe um comentário