Ao chegar
O coração pela boca quase escapuliu
Os olhos a vazar
De repente, tudo da frente sumiu
Era dor
Era tudo, era nada
Meio turvo sem cor
Se sentira dilacerada
Só queria não saber
Não sentir
Não perceber
Teria que fingir
Como dói
Estar engasgada
Dói na alma
Ser racialmente letrada
Ela ali, sendo a cota
Quantas vezes já foi chacota
O ar rarefeito
Puxa e não vem
Não seja quem fará desfeita
Seja a cota do bem
As lágrimas insistentes
Fazendo a situação ser pior
Gatilhos e mais gatilhos
Cenas que ela já sabia de cor
A cota
A coitada os coitados com ela
Assistindo os brancos caridosos
Dos mais novos, aos idosos
E quase força
Olhando ao redor
Com tantas em volta
Ela se sentiu mais uma vez só
Por dentro tanto grito
Respira
Disfarça
Busca a composição
Mesmo despedaçada
Cata os cacos
Ainda escuta: não foi essa a intenção!
Por Kathlyn Almeida


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