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Projeto 16 horas – Poema – “Abismo das Almas Veladas” – Matheus Fernandes Velazquez

Abismo das Almas Veladas

Matheus Fernandes Velazquez



Ó névoa sibilante dos tempos esquecidos, 
Que em mares de ébano murmura segredos antigos, 
Cingindo o céu com véus de trevas consagrados, 
Onde o Érebo entoa cânticos almadiçoados. 

Das entranhas do cosmos insondável, 
Erguem-se arcadas de um templo abissal, 
Cujo eco ressoa em rito imemorável, 
Convocando espectros da escuridão desleal. 

Nefasto, sim, és tu, sombra escura,
Que se arrasta, insidiosa, pela terra infinda,
Com o toque frio da aurora obscura,
Onde a esperança já se esconde e finda.

Não tens forma, mas és a inquietude,
Que se espalha nas mentes sem alarde,
E em teu rastro, as sementes da virtude
Murcham e caem como folhas de um cármen

Eis que sob a luz das estrelas mortas, 
Mana rios de um plasma iridescente, 
Rastreando a via de anjos decadentes, 
Sentenciados à eternidade deserta e torta. 

Vós que ousais decifrar as runas do destino, 
Sabereis, enfim, o peso do saber oculto, 
Pois no alvorecer do juízo último e profundo, 
Cairão todas as máscaras do divino. 

O teu reino não se ergue em castelos,
Mas nas fraturas da alma humana,
Onde semeias dissonantes paralelos,
Tornando a razão distante, insana.

E o abismo, faminto por luz e carne, 
Abraçará vossos ossos com sede pérfida, 
Enquanto na noite perpétua, estrídulos cantos, 
Devoram vossa alma em dança gélida. 

Tuas mãos, invisíveis mas certeiras,
Tocam, e o toque vira corrente,
Que prende os passos, desce as veredas
De um abismo que consome o presente

Em teu nome, o silêncio se curva,
Pois em teus olhos não há resposta,
Tão só a pressa, que, alheia e turva,
Faz da dor uma verdade imposta.

Temei, ó frêmito de vida que palpita, 
Pois o silêncio do vazio já vos espreita, 
E na eternidade da sombra que vos habita, 
Sereis somente um grito em forma desfeita. 

Nefasto, és o eco do erro sem fim,
Mas teu poder reside no vazio do agora,
Onde o amanhã é um temor sem fim,
E a alma que te encontra já chora.

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