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Desvendando Padrões de Comunicação na Poesia

Os poemas são mais do que arte, eles são janelas para a alma humana. Cada verso carrega não apenas emoções, mas também padrões de comunicação que revelam a essência de quem os escreve. E se fosse possível ir além da superfície, analisando o modo como a escrita traduz traços do caráter e do funcionamento da psique? Meu poema “O Passarinho” nos oferece essa oportunidade única.

O Passarinho 

O passarinho engaiolado 
Condor, não sabe mais voar, 
Pia triste já domesticado, 
Predador, tão longe do seu habitat; 

Quem sabe do seu sofrimento? 
Das canções desse prisioneiro, 
Que vem falando de um amor 
Que nem sonhou no mundo inteiro! 

Que importa que teu canto fale 
Das coisas que não conhecera, 
Das joias que o destino embala? 

Se o que lhe resta desta vida 
Não é nenhum rabo de sereia, 
Nem estas conchas retorcidas! 

A Poesia como Espelho da Comunicação

Em “O Passarinho”, conduzo o leitor à cena de um condor engaiolado, um ser majestoso reduzido às limitações de uma vida domesticada. Mas além da narrativa aparente, o poema carrega um universo de comunicação que vai além das palavras.

Os versos expressam uma comunicação emocional, marcada pela busca de acolhimento e compreensão. Perguntas retóricas, como “Quem sabe do seu sofrimento?”, convidam o leitor a empatizar, enquanto imagens como “Das joias que o destino embala” estimulam uma imaginação rica e sensível. Essas características indicam um padrão de comunicação que privilegia a expressividade e a conexão emocional.

Elementos que Revelam o Funcionamento Psíquico

A estrutura do poema reflete padrões profundos de comunicação humana. Vamos explorar os elementos presentes em “O Passarinho”:

  • Imaginação: O poema evoca cenários que não são diretamente tangíveis, como “rabo de sereia” e “joias que o destino embala”. Isso demonstra uma tendência à abstração e ao uso de imagens simbólicas.
  • Narrativa: A história do passarinho se desenvolve com fluidez, utilizando perguntas e descrições para engajar emocionalmente o leitor.
  • Pensamento: O foco no emocional, com expressões como “sofrimento” e “prisioneiro”, revela um estilo de comunicação intuitivo, que prioriza sentimentos ao invés de lógica.
  • Linguagem: A escolha de palavras como “triste” e “retorcidas” reforça o tom melancólico, aproximando o leitor da experiência vivida pelo narrador.
  • Articulação: A forma como os sentimentos são apresentados é fluida e envolvente. A argumentação não é direta, mas se desenrola de maneira a conectar o leitor à experiência do passarinho. Frases como “Que importa que seu canto fale das coisas que não conhecera?” buscam engajar o leitor emocionalmente.
  • Contexto: O poema cria um cenário onde o isolamento e a perda de liberdade ganham destaque, refletindo as condições emocionais do narrador. A gaiola simboliza um contexto de limitação, enquanto as referências a um habitat natural perdido evocam saudade e desejo de liberdade.
  • Estrutura: A construção fluida e livre do poema demonstra espontaneidade, com um estilo que favorece a naturalidade ao invés da rigidez.

Uma Nova Forma de Ler Poesias

Além de encantar pela beleza dos versos, “O Passarinho” convida o leitor a refletir sobre como a poesia pode ser um reflexo do caráter humano. Cada palavra escolhida, cada imagem evocada, não é apenas uma decisão artística; é também uma manifestação de traços psíquicos que moldam a forma como nos comunicamos.

Essa perspectiva inovadora permite que leitores e escritores explorem novas dimensões na apreciação da poesia. Compreender os padrões de comunicação nos poemas não é apenas um exercício intelectual, mas uma forma de se conectar com as camadas mais profundas da experiência humana.

A Arte de Entender a Comunicação

“O Passarinho” é mais do que um poema sobre perda e liberdade; é um convite para um novo olhar sobre a poesia e sobre nós mesmos. Ao mergulhar nos versos, não apenas encontramos beleza, mas também pistas sobre como a escrita traduz traços da mente e do caráter. Essa é uma experiência transformadora, que une arte e autoconhecimento em uma jornada que vai muito além das palavras.

Recomendo a leitura do meu livro Rosa Apaixonada, confissões de uma flor em botão, disponível na Amazon.

Eu sou Camila Lourenço Covre, especialista em desenvolvimento humano e linguagem comportamental. Acredito que a comunicação é a chave para decifrar a alma humana e construir conexões mais profundas. Se você também se interessa por esses temas, acompanhe meu trabalho no Instagram: @camilaslourenco .


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Uma resposta para “Desvendando Padrões de Comunicação na Poesia”.

  1. Avatar de luiz1covre

    Que fantásticas análises e explicações, o livro Seja Autor de sua história é incrível.

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Criada em 2020 pelo professor e poeta Renato Cardoso, a Revista Entre Poetas & Poesias é um periódico digital dedicado à valorização da literatura e da arte em suas múltiplas expressões. Mais que uma revista, é um espaço de conexão entre leitores e autores, entre a sensibilidade poética e a reflexão cotidiana.

Registrada sob o ISSN 2764-2402, a revista é totalmente eletrônica e acessível, com publicações regulares que abrangem poesia escrita e falada, crônicas, ensaios, entrevistas, ilustrações e outras formas de expressão artística. Seu objetivo é tornar a arte acessível, difundindo-a por todo o Brasil e além de suas fronteiras.

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