Águas de Março
Parte I
Bem-me-quer, mal-me-quer, bem-me-quer, mal-me-quer…
Quem me criou não me quis, eu sou aprendiz?
Vocês verão outono, velha escuridão.
A chuva arrasta o rosto, arranha teu qualquer
Esforço. Eu acredito no que contradiz?
Despiu-me sem menor zelo e cravou o arpão.
Bem-me-quer, mal-me-quer, bem-me-quer, mal-me-quer…
Quem me desceu me fez voar, digo e desdiz?
Eu me virei inverno, de duro alçapão.
Parte II
Entre sexos, cesuras, retinas e dor,
Embotei minhas lágrimas, os personagens
De amor. Fluído, passo pelo corredor.
O edifício nos sopra pelo apartamento.
Separa-nos depressa, golpes de miragens…
Mal-humorado, meu grito é teu encantamento.
Parte III
Olho o portarretrato de conto divino.
Vejo as partes agudas, em piano toco
Canções sem rima, caso tremule um delírio.