Carina Lessa

Querido diário,

 

A quem interessar possa, concordo com Graciliano Ramos e reescrevo suas palavras em contextos outros, mas que validam o lugar da prisão contemporânea: redes sociais são um diário público. Em tempos de pandemia, é lugar de preso e de leitor comum. Já faz tempos que percebi isso. É lamentável! “Vivemos tempos de noticiaristas vagabundos”. Com isso, há pessoas que criam personagens chatos, entediantes. Recheados de fotografias históricas repisadas pelo cotidiano enfadonho. Já viram as crônicas de Facebook desta maluca que assina a coluna? Um tédio! Músicas compartilhadas, elogios amorosos aos amigos… Melzinho escorrendo na porra toda. Nem vou falar do fato de ela não fazer um comentário sobre a crise política que nos assola… Vive num mundo alternativo sem o menor comprometimento historicossocial. O bom mesmo por lá é poder conhecer receitas novas, trocar beijinhos e cheirinhos, como se fazia nas cartinhas de antigamente.

Amore, tome o meu coraçãozinho poético e contemporâneo. Escritora piégas do cacete!

Assinado, seu leitor dos infernos.

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Carina Lessa

É ficcionista, poeta, ensaísta e crítica literária. É graduada em Letras, mestre e doutora em Literatura Brasileira pela UFRJ. Atua como professora de graduação e pós-graduação nos cursos de Letras e Pedagogia da Unesa. É membro da Associação de Linguística Aplicada do Brasil e da ABRALIC.

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